Sindicato conquista cancelamento da demissão de bancária com Burnout

 

“Na correria do trabalho, muitas vezes não priorizamos a saúde. Quando o primeiro sintoma surgir, procure apoio e faça o seu tratamento para ter uma qualidade de vida”. Este é o conselho para os bancários deixado por Thatyana Lins Borba, funcionária do Bradesco que recebeu diagnóstico de Síndrome de Burnout e foi demitida pelo banco. O Sindicato dos Bancários de Pernambuco, por meio da secretaria de Saúde, conseguiu o cancelamento administrativo da demissão de Tathyana em outubro, menos de dois meses após o encerramento do contrato de trabalho.
Bancária no Bradesco há 13 anos, Thatyana atuava no PAB da Secretaria de Administração, localizado na Agência Imperador, quando foi comunicada pelos gerentes da sua demissão. Com acompanhamento médico e psicológico desde 2023, a bancária entregou o laudo médico dando ciência ao banco sobre a sua situação de adoecimento laboral. 
A síndrome de burnout é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade.  Para Thatyana, as principais causas do seu caso são identificáveis: “as metas abusivas e a forma de cobrança dessas metas, com reuniões diárias, presenciais e no teams, resultaram em crises de ansiedade, pânico e no burnout”, afirma.
Atualmente, a bancária está de licença do trabalho, com reconhecimento do INSS. “A principal causa do burnout é justamente o excesso de trabalho. Esta síndrome é cada vez mais comum entre os bancários, que são submetidos às pressões extremas para atingir metas, acúmulo de funções, vigilância indevida, ameaça de demissão, entre outras formas de assédio. Este não é um caso isolado, mas um exemplo da realidade da categoria”, pontua o secretário de Saúde do Sindicato, Alan Patrício.
Diante da gravidade da situação de adoecimento geral da categoria decorrente do trabalho, o Sindicato está concluindo uma pesquisa científica, realizada em parceria com o Laboratório de estudos e pesquisas sobre Trabalho (LABOR) da UFRPE, que tem como objetivo investigar a percepção dos trabalhadores bancários e do setor financeiro de Pernambuco sobre o assédio moral/organizacional e as condições de trabalho que podem estar originando sofrimentos psíquicos e adoecimento mental.
“Observamos uma mudança acentuada no perfil e abrangência do adoecimento da categoria, por isso estamos realizando esse estudo, buscando elementos que apontem as causas e a gravidade do problema. No passado, nossa principal preocupação era o adoecimento físico, a LER/Dort. Agora, depois da reestruturação produtiva do setor financeiros, a categoria também está adoecendo psicologicamente. Tudo isso tem relação com a imposição de uma lógica neoliberal do individualismo, da competitividade e da exigência por uma produtividade que extrapola a condição humana”, conclui o presidente do Sindicato, Fabiano Moura.

Expediente:
Presidente: Fabiano Moura • Secretária de Comunicação: Sandra Trajano  Jornalista ResponsávelBeatriz Albuquerque • Redação: Beatriz Albuquerque e Brunno Porto • Produção de audiovisual: Kevin Miguel •  Designer Bruno Lombardi