Dia dos Bancários sempre foi dia de luta

Em 1951, trabalhadoras e trabalhadores bancários protagonizaram uma das mais longas greves da categoria na história do sistema financeiro, com duração de 69 dias, para reivindicar reajuste de 40%, salário-mínimo profissional e adicional por tempo de serviço. A greve foi deflagrada porque os bancários não aceitaram a contraproposta de 20% de aumento feita pelos bancos. Não foi fácil. Bancários sofreram com repressões, demissões, transferências compulsórias, perseguições, e violências. Mas, a forte adesão da categoria à mobilização resultou na conquista de 31% de reajuste. Esse episódio consolidou o 28 de agosto como o Dia dos Bancários e das Bancárias, data que simboliza a luta por direitos e a defesa da dignidade no trabalho. 
Hoje, 28 de agosto de 2024, a categoria bancária está mais uma vez nas ruas, cobrando respeito e reconhecimento por parte dos bancos. Apesar do lucro bilionário dos bancos, a Fenaban apresentou como proposta apenas a reposição da inflação pelo INPC e a partir de janeiro de 2025. Desta forma, a categoria acumularia perdas por 04 meses, que chegam a 1,2 bi no montante total.
Pela proposta da Fenaban, é como se cada bancário passasse para os bancos R$ 682 por mês, durante os quatro meses. Sem contar os ganhos relacionados aos encargos que os bancos deixariam de pagar entre setembro e dezembro, pelo não reajuste no período.
“Esse é o presente dos bancos para os seus trabalhadores, que se dedicam diariamente para garantir a lucratividade da empresa e para prestar um bom serviço à população. O Comando Nacional dos Bancários recusou essa proposta indecente e estará de plantão até sexta-feira em negociação, cobrando uma proposta com aumento real”, afirma o presidente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Fabiano Moura. 
Diante da intransigência dos banqueiros, os bancários mostraram unidade nacional e força, paralisando as atividades em agências públicas e privadas de todo o país, em busca de aumento real e garantia dos direitos, com valorização para PLR, VA  e VR.
A Fenaban culpou as trabalhadoras e trabalhadores “por encarecerem os produtos dos bancos” e voltou a reclamar da concorrência, sem dizer, entretanto, que muitos bancos são detentores de instituições de pagamentos.
“Construímos uma CCT que completa 32 anos, com conquistas significativas que serviram de exemplo para outras categorias de trabalhadores. 
Ao longo dos anos, a categoria bancária enfrentou diversos desafios e nunca abriu mão do enfrentamento quando foi necessário. Desta vez, não será diferente”, afirma Fabiano.
Nos anos 90, a categoria passou por profundas transformações, com a automação bancária e as sucessivas fusões e privatizações que reduziram drasticamente o número de postos de trabalho. A pandemia de COVID-19 foi mais um momento desafiador para a categoria. Os bancários, considerados essenciais, mantiveram suas atividades mesmo diante dos riscos à saúde. 
A  categoria que chegou a contar com mais de 800 mil trabalhadores no passado; hoje, são cerca de 400 mil. Apesar dessa redução, os bancários mantiveram o protagonismo nas lutas sindicais e sociais, sendo pioneiros na organização de greves e na negociação de acordos coletivos que garantiram direitos importantes, como o vale-alimentação, a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), licença paternidade o auxílio-creche.
Agora, os bancários enfrentam novos desafios impostos pelo avanço da tecnologia digital. Essas mudanças trouxeram impactos significativos no mercado de trabalho, mas a categoria continua mobilizada, lutando para que os avanços tecnológicos não resultem na perda de direitos e postos de trabalho.
“O Dia dos Bancários é, portanto, um momento de celebração e reflexão. Celebração pelas conquistas alcançadas e reflexão sobre os desafios que ainda precisam ser enfrentados. Parabéns a cada bancário e bancária. A luta por reconhecimento e valorização continua, e a união da categoria é fundamental para que os direitos conquistados sejam preservados e ampliados”, conclui Fabiano Moura.  

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