
A reunião que negociaria a redução de jornada para empregadas e empregados da Caixa Econômica Federal com deficiência e para aqueles que são pais/mães, ou responsáveis pelos cuidados de pessoas com deficiência (PcD) foi encerrada de forma brusca pelo banco, assim que a representação dos trabalhadores questionou sobre “pontos sensíveis da proposta”.
A representante do Nordeste no CEE Caixa e secretária-Geral do Sindicato, Cândida Fernandes, destaca a falta de sensibilidade do banco diante de um direito essencial para PcDs. “É um absurdo que a Caixa, depois de tantas rodadas de negociações, ainda esteja colocando várias barreiras para que empregados PcDs e pais, mães e responsáveis por PcDs e neurodivergentes acessem ao direito que já é garantido por lei. A Caixa está propondo a garantia do mínimo. Nós esperávamos que a Caixa também respeitasse esse espaço de negociação e de valorização, evitando que os empregados precisem entrar na justiça para fazer valer seus direitos”, comenta Cândida.
O diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Rafael de Castro, afirma que “a Caixa perdeu uma grande oportunidade de chegarmos a uma solução para esta pendência que afeta as colegas e os colegas com deficiência, ou que têm filhos ou dependentes com deficiência sob seus cuidados”. Ele também destaca que “estes colegas, que já sofrem com a falta de condições de trabalho no banco, tiveram suas demandas relegadas a segundo plano pela Caixa, que queria usá-los como moeda de troca para tentar impor um banco de horas negativo aos seus quase 87 mil empregados e empregadas”.
A Caixa, em mesa de negociação, ainda deixou claro sobre a redução do grupo de empregados a serem contemplados, limitando aos pais, mães e responsáveis por PcDs. As empregadas e empregados com deficiência não seriam contemplados.
“A proposta da Caixa impunha uma série de barreiras para a concessão do direito de até 25% da jornada diária. Este era o limite da redução, que poderia ser menor a depender da análise de uma equipe multidisciplinar”, explicou Cândida Fernandes. “Para fazer a análise a Caixa impunha que o empregado fornecesse informações pessoais de todo o grupo familiar. A redução, ou não, da jornada, assim como o percentual de redução, dependeria da avaliação desta equipe, que analisaria se a família, ou ‘grupo de apoio’, poderia ser acionado para ajudar nos cuidados do dependente PcD”, continuou.
Paralelamente, o banco queria regulamentar um banco de horas negativas para todo o quadro de pessoal. A negociação era para solucionar um problema que afeta os pais e mães, ou responsáveis pelos cuidados de dependentes com deficiência. O banco tentou incluir este ponto como forma de ‘jabuti’ na negociação.
Questionada sobre home office, a Caixa disse que a redução de jornada não seria disponibilizada aos empregados que desempenham suas funções neste formato. A alegação é a de que estes empregados têm horário de trabalho flexível e, por isso, não têm necessidade de ter a jornada reduzida.
Com o brusco encerramento da mesa de negociações pela Caixa, outros problemas nas negociações foram gerados. A Caixa não respondeu sobre a proposta de calendário para as negociações, não respondeu sobre a proposta de retomada dos debates nos GTs específicos do Saúde Caixa, Condições de Trabalho, Promoção por Mérito, nem sobre a criação de um GT para debater o equacionamento dos déficits da Funcef. Também ficou sem explicações o plano de fechamento de agências que vem sendo planejado pelo banco.