
A cobrança excessiva de metas e a preocupação constante com o trabalho tem adoecido a categoria bancária, que representa 1% do emprego formal no Brasil, mas já é 24% dos afastamentos acidentários pelo INSS por doenças mentais e comportamentais. Para denunciar esta situação e os impactos do comprometimento da saúde desses trabalhadores no atendimento à população, o Sindicato dos Bancários de Pernambuco protocolou um pedido de audiência pública na Assembleia Legislativa de Pernambuco.
A reunião entre o presidente da entidade sindical, Fabiano Moura, e o Deputado Estadual, Doriel Barros (PT), ocorreu nesta quarta-feira (29). “Apresentamos os dados alarmantes do adoecimento bancário gerado pelo assédio moral. Por sermos um setor de serviços, essa situação na categoria resulta na precarização do atendimento à população. O parlamentar se mostrou bastante sensível a causa dos bancários e assumiu o compromisso de contribuir na articulação da Audiência Pública na Alepe. Espaços como esse são fundamentais para visibilizarmos para a sociedade o problema enfrentado pela categoria”, afirma Fabiano Moura.
Neste segundo semestre de 2023, o Sindicato dos Bancários de Pernambuco intensificou o enfrentamento ao assédio moral nos bancos por meio de uma forte campanha que percorreu a Região Metropolitana do Recife e o Interior do Estado. A abordagem sobre o tema nas agências e departamentos bancários teve um papel didático e de incentivo às denúncias para a categoria e elucidativo para a população, na busca por apoio aos trabalhadores.
Audiências públicas sobre este tema foram realizadas nas câmaras municipais da Capital e de cidades do Interior, assim como no Senado Federal, mobilizando o poder público em defesa do fim do assédio nos bancos pela saúde e vida dos trabalhadores.
De acordo com dados do INSS, nos afastamentos acidentários, as doenças mentais e comportamentais entre os bancários saíram de 30% em 2012, para 55% em 2021, e as doenças nervosas de 9% para 16%, no mesmo período. A mudança no perfil do adoecimento, que antes era físico por LER/DORTs e passou a ser emocional, também é evidenciado pela consulta nacional realizada pela Contraf-CUT em 2023, que aponta um aumento no número de bancários que tomam medicamentos controlados nos últimos 12 meses, em todo o país. O percentual subiu de 35,5% (2022) para 41,9% neste ano.