Um terço das famílias brasileiras
das classes A e B se cadastrou para receber o auxílio emergencial de R$
600, aprovado pelo Congresso Nacional para ajudar os trabalhadores
informais mais pobres durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Do total de inscritos, 69% tiveram o cadastro aprovado exceção
recebendo o benefício, mesmo sem ter direito, revela pesquisa do
Instituto Locomotiva.
Segundo o levantamento, divulgado pelo
jornal Valor Econômico nesta quarta-feira (3), nas famílias mais ricas
do Brasil, 3,89 milhões têm ao menos um integrante recebendo o auxílio.
“O
argumento, em geral, é algo do tipo: ‘Sempre paguei impostos e nunca
tive nada em troca do governo’. Ou ainda que ‘a crise está difícil para
todo mundo’. São pessoas que realmente acham que têm o direito ao
benefício por esses fatores. Não existe um sentimento de que estão
cometendo fraude”, disse o fundador e presidente do Instituto
Locomotiva, Renato Meirelles.
O auxílio emergencial foi criado
para auxiliar os trabalhadores informais, microempreendedores
individuais (MEIs) e desempregados que não recebem o seguro-desemprego
nem aposentadoria, que durante a pandemia não têm nenhuma renda.
Entre
os critérios para o recebimento do benefício está o limite de renda per
capita que não pode ser superior a R$ 522,50 mensais ou uma renda
familiar de até R$ 3.135 (três salários mínimos).
Estas informações, conforme a pesquisa, estariam sendo omitidas no momento do preenchimento do cadastro no site da Caixa.
A
solicitação do auxílio emergencial mediante o uso de informações
falsas, porém, podem ser consideradas crimes de falsidade ideológica e
estelionato.
A pesquisa ouviu 2.006 pessoas de 72 cidades do
Brasil entre os dias 20 e 25 de maio e a margem de erro é de 2 pontos
percentuais, para mais ou para menos.