
Apesar de ter alcançado o lucro líquido de R$ 10,824 bilhões nos primeiros nove meses de 2019, o Santander decidiu fazer caridade à custa dos bancários neste final de ano. O banco lançou a campanha “Sonhos que Transformam”, sem pedir autorização dos trabalhadores, irá descontar 1% da remuneração variável, incluindo o programa de Participação dos Lucros e Resultados (PLR), que será creditada em fevereiro de 2020, para doar para instituições de caridade. Os funcionários que não desejam realizar a doação compulsória podem marcar a opção “não” através do site indicado pelo banco, mas estão enfrentando dificuldades para autenticar a opção.
“Ações de solidariedade são importantes, desde que não sejam realizadas de forma impositiva. Reforçamos que esta é uma escolha pessoal dos bancários. O Santander precisa rever o modelo escolhido para esta ação, pois contraria a legislação, que diz que o trabalhador precisa autorizar qualquer desconto que venha ocorrer em sua conta”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Suzi Rodrigues. O departamento jurídico do Sindicato está estudando as possíveis medidas legais para o caso.
No programa, também não há transparência quanto à utilização dos dados de doação, se eles serão usados ou não como critério para pontuação. Além disso, o desconto não será feito sobre o montante da variável recebida em ações ou em parcelas diferidas, deixando de fora da ação filantrópica do Santander os salários mais altos da entidade, já que os que recebem ações e bônus diferidos como parte da renda variável são os altos executivos.
“A campanha permite que as pessoas indiquem a instituição para qual querem doar. Mas, orientamos que aqueles que não desejem realizar a doação e encontrem erros de autenticação para informar a oposição no sistema guardem esse registro para que as providências cabíveis sejam tomadas posteriormente”, conclui a dirigente da Fetrafi/NE e membro da COE Santander, Tereza Souza.