Golpe não se comemora, repudia-se

No dia 31 de março, o Golpe Militar brasileiro completa 55 anos. A derrubada do presidente João Goulart e a implantação de uma ditadura que durou 21 anos, deixou marcas profundas na história do País, que hoje volta a ter militares no poder.
O capitão reformado do Exército Jair Bolsonaro (PSL), presidente da República, e o general da reserva Hamilton Mourão (PRTB), vice-presidente, são os primeiros militares a chegarem ao governo pelo voto no Brasil desde 1946. A cúpula ministerial também é composta majoritariamente por militares, que também conseguiram 72 vagas no legislativo.
Com a proximidade da data de início do regime ditatorial, as discussões no palácio do Planalto giram em torno das comemorações alusivas à efeméride. Simpatizante do período ditatorial, Bolsonaro e os demais militares deverão celebrar os anos de chumbo intramuros, conforme declaração do vice Mourão à Folha de S. Paulo. 
Protagonista de inúmeras polêmicas desde o começo do mandato, Bolsonaro passou a ser blindado pela assessoria da cúpula militar do governo, que tentará evitar comemorações públicas e expansivas para evitar tensionamentos políticos.
Com o golpe, os militares também miraram as organizações sindicais. Em Pernambuco, mais de dez líderes sindicais foram presos. O Sindicato dos Bancários de Pernambuco, presidido à época por Darcy Leite, foi invadido, teve seus dirigentes presos e ficou sob intervenção.
Foram necessárias décadas de luta dos familiares de mortos e desaparecidos, exigindo o esclarecimento dos crimes ocorridos nos anos de chumbo, para que a Comissão Nacional da Verdade fosse finalmente criada. Nascida durante o governo Dilma Rousseff, o relatório final da Comissão apontou 377 pessoas como responsáveis diretas ou indiretas pela prática de tortura e assassinatos durante a ditadura militar.
“Os governos progressistas garantiram avanços importantes por meio do trabalho da Comissão Nacional da Verdade, que entregou um volumoso relatório com recomendações ao Estado brasileiro para garantia da verdade, Justiça e reparação às vítimas da ditadura. É revoltante sabermos que um período marcado por torturas, desaparecimentos e falta de liberdade seja hoje comemorado pelo Presidente Bolsonaro. Não poderíamos esperar outra postura de um representante que fez homenagens ao torturador Ustra durante o golpe de 2016”, lamenta o dirigente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco e secretário de políticas sociais e direitos humanos da CUT, Expedito Solaney.

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