
Em outubro de 2018, a maioria dos brasileiros votaram e elegeram candidatos que se diziam comprometidos com princípios liberais. Porém, esses mesmos eleitores, de acordo com a pesquisa realizada pelo DataFolha, são contra as privatizações e também não querem a redução de direitos trabalhistas, dois dos itens mais associados ao ideário liberal.
Para a secretária-Geral do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Sandra Trajano, a pesquisa é um termômetro para avaliar os riscos das privatizações e a aceitação do povo brasileiro.
“Com esse levantamento, podemos fazer uma análise sobre o que as brasileiras e brasileiros estão pensando sobre a venda do nosso patrimônio. Precisamos lutar contra a venda das empresas públicas, sobretudo dos bancos públicos, fundamentais para o desenvolvimento do País e para manutenção dos programas sociais que atendem a população mais carente”, destaca Sandra.
Também sobre privatizações, os dados apontam que 60% dos brasileiros são contra. Apenas 34% concordam que o governo deve vender o maior número possível das nossas empresas, outros 5% não têm opinião formada e 1% é indiferente.
A presidenta do Sindicato, Suzineide Rodrigues, comenta que, apesar do descaso do governo com as empresas públicas, são elas que proporcionam desenvolvimento.
“O maior problema que temos hoje, dentro das empresas públicas, é o sucateamento. Não há realização de concursos públicos, cortam investimentos, e mudam o perfil de atuação. Tudo isso prejudica o atendimento à população e o total cumprimento de suas atribuições. Nos bancos públicos, faltam empregados, os ambientes não são seguros nem adequados para o trabalho. Sem falar na pressão e o medo que estão presentes diariamente”, aponta Suzineide.
Para se ter uma ideia, a Caixa responde por cerca de 70% dos financiamentos habitacionais do país; Banco do Brasil e Banco do Nordeste são responsáveis por percentual semelhante do crédito agrícola; e o investimento em infraestrutura é feito pelo BNDES. “Caso essas empresas sejam vendidas, qual a garantia que teremos para que essas atividades continuem sendo realizadas dentro do nosso País?”, lembra a presidenta.
Mesmo entre os apoiadores de Jair Bolsonaro e seu partido, o PSL, as privatizações não são unanimidade. Apenas 65% deste grupo defendem as privatizações.