Neste Dia Nacional
em Defesa dos Bancos Públicos, 6 de dezembro, o Sindicato dos
Bancários de Pernambuco realizou três atos públicos, no Recife
(PE), contra a venda de ativos das estatais. A mobilização nacional
é uma resposta da categoria à política privatista defendida pela
equipe econômica do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).
Os
dirigentes e trabalhadores reuniram-se em frente às agências da
Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste da Avenida Conde da Boa
Vista, e do prédio onde funciona a Superintendência do Banco do
Brasil, na Avenida Rio Braco das 9h até o meio-dia.
Entre
as estratégias de desmonte dos bancos públicos, o governo eleito
pretende fatiar a empresa 100% pública, abrindo as portas para o
capital privado e reduzindo o papel social do banco.
“O
futuro presidente da Caixa já fala em retomar o discurso de abertura
do capital e tornar a estatal uma Sociedade Anônima (S/A). Também
está na agulhada a privatização da Lotex, que tem o seu lucro
direcionado para segurança pública, educação e saúde. Pretendem
fatiar os seguros, cartões de crédito, ou seja, diminuir a
capacidade dos bancos públicos de investir no desenvolvimento
social”, afirma a secretária de Bancos Públicos do Sindicato,
Cândida Fernandes.
Assim como a Caixa, o Banco do
Nordeste exerce função social ao conceder linhas de crédito
acessíveis aos pequenos e médios empreendedores. “Se o Banco do
Nordeste for privatizado, deixará de ser um banco de fomento, que
procura gerar emprego e renda e atender os mais necessitados em uma
região carente como o Nordeste”, avalia o dirigente sindical,
Fernando Batata.
A mobilização contou com a adesão dos
funcionários do Banco do Nordeste, que interromperam suas atividades
para defender o fortalecimento da empresa pública. O bancário
Douglas Vieira destaca o papel regulador não só do Banco do
Nordeste, como do Banco do Brasil e da Caixa. “Sabemos que hoje o
setor bancário no Brasil é oligopolizado. Diante disso, é possível
que haja um grande acordo para manutenção de taxa de juros em
patamares altos, bem como de tarifação alta. Então, os bancos
públicos, a depender da orientação do governo, podem funcionar
como regulador desse mercado para que o consumidor não seja
extorquido”, declara.
A venda de ativos das estatais
penalizará toda a população brasileira. Um exemplo é um aumento
de preço dos alimentos em razão do provável fim do financiamento
da agricultura familiar, caso o governo deixe de ser o acionista
majoritário do Banco do Brasil. “Precisamos ter a trabalhadora, o
trabalhador ativo ou aposentado ao nosso lado. Porque os bancos
estatais, que ainda existem, são muito importantes para fazer chegar
até eles as políticas públicas, os juros e taxas suportáveis e
fomentar o desenvolvimento”, ressalta a secretária-geral do
Sindicato, Sandra Trajano.
O governo eleito de Jair
Bolsonaro, que assume a partir de janeiro de 2019, já anunciou a
criação de uma Secretaria de Desestatização e Desmobilização,
responsável por coordenar a venda do patrimônio público.
Diante
da conjuntura, as mobilizações contra as privatizações serão
mantidas como pauta permanente da entidade. “Não é a primeira vez
que o Sindicato luta em defesa dos bancos públicos. Estamos mais uma
vez defendendo o País e a dignidade da população brasileira,
porque os bancos privados não vão investir em educação ou atender
à população de baixa renda. Então, mais do que nunca, temos que
manter a união e fazer mobilizações nas ruas. Precisamos
pressionar os deputados para que o Congresso não aprove as
privatizações. Só assim vamos conseguir manter a Caixa, o Banco do
Nordeste e o BB públicos”, conclui Sandra.