s
bancos públicos contribuíram em grande parte para o saldo negativo
de empregos no setor bancário que, em 2015, fechou 9.886 vagas,
segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do
Ministério do Trabalho, resultado de 29.899 admissões e 39.775
desligamentos. Esse saldo negativo representa crescimento de 97,6% em
relação ao número de postos extintos pelo setor em 2014, quando os
bancos eliminaram 5.004 empregos.
O
aumento se explica, em grande parte, pelos milhares de desligamentos
que ocorreram no Banco do Brasil e na Caixa, por conta de seus
respectivos planos de incentivo à aposentadoria.
No
Banco do Brasil, cerca de 5 mil aderiram ao PAI (Plano de
Aposentadoria Incentivada), enquanto que na Caixa, o Programa de
Apoio à Aposentadoria (PAA) foi responsável pela saída de
aproximadamente 3 mil empregados. Essas vagas ainda não foram
repostas, como cobra o movimento sindical, e o saldo de empregos em
ambos os bancos públicos foi negativo, de acordo com os últimos
balanços divulgados, referentes ao terceiro trimestre de 2015.
Em
12 meses (setembro de 2014 a setembro de 2015), a Caixa eliminou
2.416 postos de trabalho. No mesmo período, o BB extinguiu 2.552
vagas. E isso com seus respectivos lucros em alta.
Lucros
crescentes – O
Banco do Brasil teve lucro líquido ajustado (que exclui itens
extraordinários) de R$ 8,947 bilhões, crescimento de 7,5% em
relação a setembro de 2014. Levando em conta a receita
extraordinária da operação Cateno – acordo de associação entre
BB Elo Cartões e Cielo no ramo de meios eletrônicos de pagamento –,
o lucro do banco em nove meses salta para R$ 11,888 bilhões,
resultado 43,5% maior que o apresentado no mesmo período de 2014. Já
o lucro líquido da Caixa chegou a R$ 6,5 bilhões, 23,3% maior que o
apresentado em setembro de 2014.
“Como
se vê, não há nenhuma justificativa para que essas instituições
eliminem empregos, sobrecarregando os trabalhadores, comprometendo o
atendimento à população e agravando a crise econômica no país. O
Sindicato continua lutando para que BB e Caixa reponham as vagas
abertas com as aposentadorias e criem empregos, cumprindo seu papel
social”, diz a presidenta do
Sindicato de São Paulo,
Juvandia Moreira.
Ambiente
adoecedor – O
diretor executivo do Sindicato de
São Paulo e
funcionário do BB Cláudio Luis destaca o ambiente adoecedor na
instituição. “O Banco do Brasil precisa contratar mais
funcionários para repor o quadro deficitário. Os bancários estão
sobrecarregados por conta da falta de pessoal e, além disso, ainda
têm de lidar diariamente com metas abusivas que levam ao assédio
moral e ao consequente adoecimento dos trabalhadores.”
Para
o empregado da Caixa e também diretor executivo do Sindicato
Dionísio Reis, o governo federal deve rever sua política e voltar a
apostar nos bancos públicos como indutores do crescimento econômico.
“A oferta de crédito pelos bancos públicos é um indutor
estratégico do crescimento da economia. O governo apostou nisso em
2008 e deveria usar a mesma estratégia agora. Reduzir o tamanho dos
bancos públicos é tão prejudicial para o país quanto aumentar a
Selic. É preciso rever essa política e voltar ao ciclo virtuoso do
desenvolvimento.”
A
ampliação do quadro de funcionários está na pauta de negociações
entre o movimento sindical e as direções de ambas as instituições
financeiras. A mesa permanente com a Caixa será retomada na
quinta-feira 28 e terá como ponto central a discussão sobre mais
contratações na instituição.