Bancos decepcionam bancários na última reunião do ano para debater igualdade de oportunidades

Decepcionados. Foi
assim que os dirigentes sindicais saíram da última reunião do ano
com a Fenaban para debater igualdades de oportunidades, realizada em
São Paulo, nesta terça-feira (15). Apesar de definir o calendário
de debates para 2016, alguns temas importantes não
avançaram.

Segundo a secretária de Assuntos da Mulher do
Sindicato, Eleonora Costa, os bancos nem ao menos aceitaram organizar
uma campanha nacional de combate ao assédio sexual em conjunto com
os sindicatos. “Qual o custo que uma campanha realizada em conjunto
com os sindicatos vai ter para os bancos? Por que dizer não para uma
proposta tão simples?”, questiona Eleonora.

Os bancos se
comprometem, apenas, a reforçar a comunicação e sensibilização
interna. “Mas não aceitam fazer a campanha conjunta com movimento
sindical, ao contrário do que foi sinalizado na campanha nacional
2015”, lamentou Fabiano Paulo da Silva Junior, secretário de
Políticas Sociais da Contraf-CUT. “A gente considera um retrocesso
esse tipo de postura dos bancos num tema, comprovadamente, de extrema
relevância”, completou.

“Esse é um assunto preocupa
muito os trabalhadores, como mostrou a Consulta Nacional, na qual 12%
da categoria elegeu o tema como prioridade na Campanha Nacional”,
lembrou Elaine Cutis, secretária da Mulher da Contraf-CUT. “Apesar
disso, o movimento sindical vai trabalhar o tema como prioridade. Uma
pena que não possa ser de forma conjunta, mostrando que patrões e
empregados estão sensíveis a mesma causa”, completou
Elaine.

Dados da consulta que os sindicatos realizaram para
subsidiar as reivindicações da Campanha Nacional deste ano,
respondida por mais de 40 mil bancários em todo o país, revelam que
12% dos participantes mencionaram a importância de se discutir o
assédio sexual. Em 2014, apenas 1% apontou essa preocupação.

Desigualdade – Durante o encontro também, a Fenaban
apresentou os dados sobre a participação das mulheres negras no
setor. Em 2008, era 8,2% da categoria. Já no novo censo, esse número
subiu para 11% e a PEA está 21,6%.

Para o secretário de
Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar, o aumento, sem
dúvida, representa um avanço, mas os resultados continuam longe do
esperado. “Depois de muitas cobranças do movimento sindical, a
Fenaban finalmente apresentou os dados das mulheres negras no setor
bancário. Os números de 2014 em relação a 2008, ainda é
insuficiente. O dia a dia, mostra que os afrodescendestes ainda são
invisíveis na categoria. Precisamos avançar mais.”

A
inclusão dos trabalhadores com deficiência também foi debatida. Os
representantes dos sindicatos questionaram quais as ações em curso
para avanço no cumprimento da cota de pessoas com deficiência. Os
bancos afirmaram que o percentual de trabalhadores com deficiência
no setor atualmente é de 3,6%, contra 1,8%, em 2008. A Fenaban alega
que a dificuldade de contratação se deve à deficiência da
educação pública.

“Nós discordamos desta avaliação.
Embora tenha subido, nós consideramos insuficiente e está aquém do
mínimo exigido pela lei, de 5%”, lembrou Fabiano. O tema de
inclusão de trabalhadores com deficiência será retomado na
primeira reunião do ano que vem.

Agenda – Já estão
agendadas quatro reuniões: na segunda quinzena de fevereiro, na
última semana de abril; na segunda semana de julho e após a
assinatura do acordo da Campanha Nacional de 2016.

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