O
esvaziamento da Caixa foi um dos temas debatidos pelos delegados
sindicais dos bancos públicos em encontro nesta quarta (02). Para a
secretária de Formação do Sindicato, Anabele Silva, diretora da
Fenae (Fedração Nacional das Associações de Pessoal da Caixa),
embora a situação tenha ficado mais drástica após o PAA (Plano de
Apoio à Aposentadoria), este esvaziamento não é recente. “O
banco alega que era o único que vinha contratando. Mas ele vinha
contratando porque vinha crescendo”, explica.
Os números
comprovam: de 2003 a 2015, o número de funcionários aumentou
70,65%. Mas o número de agências subiu 99,44% e o número de
clientes cresceu 288,50%. “Temos hoje o menor número de empregados
por unidade desde 2003. E, se em 2003, havia 335 clientes por
trabalhador; hoje são 778 para cada empregado”, afirma
Anabele.
Dentre
os concursados de 2014, apenas 7,54% foram chamados em todo o
Brasil. Em Pernambuco, foram apenas 12%. E o número de admitidos vem
diminuindo. “A gente se preocupa quando escuta a presidenta do
banco dizer que vai fazer remanejamento de empregados em função da
produtividade da agência. E a função social do banco, não é
levada em conta? Esse é um discurso preocupante…”, salienta a
diretora.
Banco
do Nordeste – No
BNB, o foco dos debates foi o PCR (Plano de Carreiras e Remuneração).
O diretor do Sindicato Ricardo Vaz, que fez parte do Grupo de
Trabalho que elaborou uma nova proposta de Plano, falou sobre o tema.
Segundo ele,
o novo plano foi elaborado de forma a respeitar os limites impostos
pelo Dest (Departamento de Controle das Empresas Estaduais) e as
possibilidades do banco.
Mesmo
assim, encerradas as discussões, o banco negou-se a assinar a
proposta, construída paritariamente. Desde então, não há avanços:
o PCR não foi incluído no acordo aditivo de 2014 nem no de 2015.
Não faltam problemas no PCR vigente. A remuneração dos
primeiros dois níveis, por exemplo, estão abaixo do piso da
categoria. “O bancário entra já no terceiro nível e, com isso,
fica seis anos estacionado, sem ter qualquer ganho com promoção por
merecimento ou antiguidade”, explica Ricardo.
Os mais
antigos também são prejudicados. Com apenas 18 níveis, vários
trabalhadores ficam anos estacionados, sem qualquer possibilidade de
ascensão. O
Plano construído prevê 36 níveis de ascensão, partindo do piso da
categoria; com possibilidade de promoções por
antiguidade a cada dois anos e por merecimento anuais.
Banco
do Brasil – Já
no Banco do Brasil, o déficit da Cassi (Caixa
de Assistência dos Funcionários) foi
o tema principal. Segundo o secretário de Bancos
Públicos do Sindicato, Renato Brito, representante de Pernambuco no
Conselho de Usuários da Cassi, a proposta do banco para solucionar o
déficit é ruim,
pois a empresa se livra das obrigações com os
aposentados.
Para isso, o
banco repassaria à Cassi R$ 6 bilhões, referentes à atual provisão
para custear as contribuições dos aposentados. Esse montante seria
transferido para um fundo específico gerido pelo banco. Além disso,
o BB elevaria a contribuição patronal de 4,5% para 5,49% sobre os
salários dos funcionários da ativa.
“A Cassi é o plano de
assistência mais antigo do Brasil. Vem desde 1944. E resistiu a
muitas dificuldades mantendo suas premissas: a solidariedade e
mutualidade: cada um paga de acordo com seu salário e usa de acordo
com sua necessidade; além do modelo de Atenção Integral. Não
podemos aceitar que se mexa nestes pilares”, diz.
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