Há
198 anos, no dia 6 de março de 1817, o Capitão José de Barros
Lima, conhecido como Leão Coroado, reagiu a uma voz de prisão,
matou o comandante e uniu-se a outros rebeldes para deflagrar as
Revolução de 1817, um dos mais importantes movimentos pela
independência do Brasil. Segundo o historiador Oliveira de Lima,
trata-se do único movimento da história do Brasil que merece o nome
de revolução.
Deu-se
a partir do Recife, se propagou para além das fronteiras do estado –
de Alagoas a Ceará; criou a bandeira-símbolo de Pernambuco, tal e
qual é conhecida hoje; e deu ao país Constituição, governo e
exército próprios, cinco anos antes do 7 de setembro. Durou 70
dias, pois foi duramente reprimida pelo governo português. Foram 800
exilados e 1.600 mortos e feridos – muitos deles com mãos e
cabeças mutiladas para exposição em praça pública.
No
entanto, para o historiador e escritor Paulo Santos, mais do que a
repressão, o mais duro dos castigos foi a usurpação de nossa
memória. Por isso, desde 2007, quando foi lançado seu livro “A
Noiva da Revolução, ele vem se empenhando no trabalho de resgatar
um pouco de nossa história de lutas. Além desse livro, ele publicou
“O General das Massas”, biografia de Abreu e Lima; e reeditou
“Guerra dos Mascates”, escito por José de Alencar.
Segundo
ele, existe um texto de Francisco Adolfo Vanhargen, historiador
oficial do Império na época, em que ele fala sobre a Revolução de
1817 e diz, com todas as letras, que o assunto não poderia, de
maneira nenhuma, ser divulgado. “A Revolução de 1817 incomodou
durante muito tempo: enquanto o Brasil era Colônia, porque
Pernambuco se declarou independente; depois da independência, porque
se criou um estado republicano; e durante todo o período
escravocrata, porque aboliu-se a escravidão. Então, tudo o que
aconteceu naquele período foi cuidadosamente apagado”, diz.
Desde
2007, o 6 de março é considerado Data Magna do estado de
Pernambuco. No entanto, ao contrário do que acontece em estados como
a Bahia e São Paulo, em que tudo para na Data Magna Estadual, aqui a
data sequer é feriado. “Mais uma vez, como nos tempos da Guerra
dos Mascates, foram os interesses comerciais que determinaram isso. O
governo cedeu à pressão dos comerciantes e o feriado da Data Magna
foi transferido para o domingo subsequente. Hoje, a data passa em
brancas nuvens”, opina o historiador.