A segunda rodada de negociações da Campanha 2014 da pauta específica dos funcionários do Banrisul, ocorrida nesta quarta-feira (17), em Porto Alegre, pode ser resumida pela disposição do Comando Nacional dos Banrisulenses em avançar e pela tática defensiva da diretoria do banco. Aliás, o defensivismo só deu lugar a uma variação de ataque quando o assunto foi retirar direitos dos trabalhadores.
Sem propostas, nem acenar com avanços, o banco veio para a mesa de negociação, na sede da Asbancos, não só para enrolar, mas também para propor o absurdo de só renovar o acordo coletivo do ano passado com a retirada da PLR do Banrisul e de direitos, como a 13ª cesta alimentação e vale-refeição, de banrisulenses afastados do trabalho por motivo de doença.
Assim, o banco disse que só aceitaria renovar o acordo, se o Comando aceitasse a suspensão do pagamento de conquistas a quem está afastado por doenças há mais de dois meses e se fosse suspensa a vigência da PLR do Banrisul.
A diretoria do banco propôs ainda que o acordo fosse prorrogado até 2 de outubro. O Comando rechaçou, de forma indignada, todas as propostas, e disse que só assinaria a prorrogação com a manutenção das cláusulas que o banco queria ver retiradas e com prazo fixado no término da negociação.
A mesa de negociação desta quarta-feira começou por volta das 10h. Os temas saúde e condições de trabalho ficaram para a parte da tarde diante do impasse ainda da primeira rodada de negociações sobre a prorrogação do acordo.
Por cerca de seis horas, os debates seguiram acirrados e com muitas discussões sobre pontos específicos e sob a intransigência da diretoria do banco.
A avaliação é que o Banrisul enrola para ganhar tempo e esperar a proposta de índice que a Fenaban promete apresentar nesta sexta-feira (19), em São Paulo. Ficou claro que o objetivo do banco é empurrar para depois do dia 2 de outubro, quando se encerram as negociações, a apresentação de uma proposta global.
Plano de Carreira – Mesmo que a estratégia da diretoria do banco tenha sido empurrar com a barriga a negociação, trazendo para o debate a assinatura da prorrogação do acordo do ano passado e esquivando-se de debater Plano de Carreira, o Comando Nacional cobrou o cumprimento de acordo anterior que previa a implantação do Plano de Carreira.
O argumento do Banrisul é que o acordo do ano passado foi cumprido, sobretudo no que respeita a manutenção da Comissão Paritária, formada por representantes dos trabalhadores e da diretoria do banco, para negociar e implantar o Plano de Carreira, porém sem compromisso de implantar sequer para o Quadro Básico.
O Comando Nacional pressionou no início da reunião para debater agora o Plano de Carreira e buscou compromisso do banco com o anúncio de uma data de implantação. O banco quer debater Plano de Carreira em 2 de outubro.
PLR – A PLR Banrisul esteve em pauta na rodada de negociação desta quarta-feira. Para ganhar tempo, os negociadores propuseram a suspensão do benefício como condição para assinar prorrogação de vigência do acordo do ano passado.
No início da reunião, propuseram o dia 30 de setembro como prazo final de vigência da renovação. Portanto, a proposta era renovar um conjunto de conquistas da categoria por apenas 13 dias. Mais adiante, aceitaram ampliar o prazo para 2 de outubro. A assessoria jurídica e o Comando entendem que não é possível assinar um documento que traga perda de direitos.
Segurança – Outra tática do Banrisul é tergiversar. Ante as propostas dos banrisulenses, eles praticamente mudam de assunto e apresentam as “soluções” que estão em andamento. Nesta quarta, o banco chegou a levar o gerente de segurança para enumerar programas de treinamento e investimentos voltados para a segurança patrimonial não para a defesa da integridade e da vida dos banrisulenses.
No que diz respeito à segurança, os integrantes do Comando Nacional cobraram a instalação de biombos em frente aos caixas e divisórias entre os terminais de autoatendimento, portas-giratórias antes dos caixas-eletrônicos, vidros blindados nas fachadas e câmeras de monitoramento em tempo real.
O Comando entendeu que o banco precisa avançar muito nos investimentos em segurança. O discurso dos diretores e especialistas do banco aponta para a direção de estratégias que visam à proteção do dinheiro. Os banrisulenses querem que os investimentos em segurança sejam feitos para a defesa da vida dos trabalhadores.
O Comando também considera como inaceitável o fato de o Banrisul ainda exigir de seus funcionários que fiquem com as chaves e abram as agências. Isso expõe os trabalhadores a sequestros por quadrilhas cada vez mais bem informadas sobre as rotinas dos bancários e de seus familiares.
Saúde – Um dos mantras do Departamento de Saúde do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre costuma referir que, para combater o adoecimento no ambiente de trabalho, é preciso conhecer a realidade e a causa das doenças. O Banrisul não tem fornecido dados sobre número de trabalhadores afastados e tipo de doença que os afastou.
Aliás, o Departamento de Saúde costuma pedir dados que não vêm. O banco alega que não pode fornecer informações de bancários doentes, porque isso seria ilegal.
O Comando esclareceu que não solicita dados médicos pessoais de trabalhadores, mas dados estatísticos com volume de afastamentos por tipo de doença, como LER/DORT e sofrimento mental. Quem não conhece, não previne.
A partir das 9h desta quinta-feira (18), os debates sobre saúde serão retomados.