Ao contrário do que
havia prometido, a federação dos bancos (Fenaban) apresentou apenas
dados parciais do 2º Censo da Diversidade, nesta terça-feira, dia
16, durante a quinta rodada de negociações da Campanha Nacional dos
Bancários. Segundo a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, os
representantes dos bancos alegaram que os dados ainda estão sendo
discutidos “internamente” pelas instituições financeiras e que,
posteriormente, serão apresentados para o Comando Nacional dos
Bancários.
“A Fenaban frustrou nossas expectativas, pois
esperávamos uma apresentação mais detalhada sobre os resultados do
Censo da Diversidade, conquistado na Campanha Nacional de 2012 e
aplicado entre março e maio deste ano. A pesquisa é fundamental
para negociarmos o fim das discriminações nos bancos. Infelizmente,
os dados apresentados hoje estão fragmentados e incompletos, o que
acabou dificultando os debates nesta quinta rodada de negociações”,
explica Jaqueline, que representa Pernambuco no Comando Nacional dos
Bancários, responsável pelas negociações com os bancos.
Os debates sobre igualdade de oportunidades continuam nesta
quarta-feira, dia 17, na sexta rodada de negociações da Campanha
2014. Nesta reunião também serão discutidas reivindicações dos
bancários referentes à remuneração, saúde, condições de
trabalho, emprego e segurança. Na próxima sexta-feira, dia 19,
haverá mais uma rodada de negociações, ocasião em que os bancos
apresentarão uma proposta global para as reivindicações dos
bancários.
Discriminação contra as mulheres –
Embora os dados apresentados nesta terça sejam parciais e
incompletos, o resultado preliminar do Censo da Diversidade mostra
que as discriminações continuam nos bancos. As mulheres,
por exemplo, recebem hoje 77,9% do salário médio dos homens, apenas
1,5 ponto percentual a mais em relação ao primeiro Censo, realizado
em 2008. “Essa evolução é muito pequena e mostra que a gente precisa criar com os bancos políticas urgentes e sólidas pela igualdade de oportunidades. Caso contrário, vamos levar décadas para acabar com estas discriminações”, comenta Jaqueline.
Preconceito de raça –
Os dados preliminares também mostram que, do total dos bancários
que responderam à pesquisa, 74,6% são brancos e 24,9% negros. Isso
demonstra que houve aumento de bancários de cor negra nos bancos
desde 2008, quando 19% da categoria assim se identificava. No
entanto, a discriminação racial em relação à remuneração
persiste no sistema financeiro, embora tenha havido uma pequena
melhora desde o primeiro censo. Em 2008, o salário médio dos negros
era 84,1% à dos brancos. Hoje é o equivalente a 87,3%, conforme os
números informados.
Orientação sexual – Uma
das novidades do 2o Censo foi a inclusão de uma variável
de orientação sexual para medir a participação da população
LGBT na categoria bancária. Do total dos que responderam ao
questionário, 85% se declarou heterossexual, 1,9% assumiu a
homossexualidade, 0,6% disse ser bissexual, 12,4% não respondeu e
0,1% assinalou outra opção. Os números parciais da Fenaban
indicam ainda que 1,1% dos bancários que responderam à pesquisa
disse ter cônjuge do mesmo sexo. Desses, apenas 38% faz uso dos
benefícios conquistados em 2009 com a cláusula de isonomia de
tratamento para casais homoafetivos, como a adesão ao plano de
saúde.
Participação – Responderam ao questionário
do censo 187.411 bancários, o que significa 41% de 458.922
trabalhadores dos 18 bancos que participaram da pesquisa. A categoria
está dividida entre 51,7% de homens e 48,3% de mulheres.
>> Confira como foram todas as rodadas de negociação realizadas até agora