A segunda rodada de
negociações da Campanha Nacional dos Bancários foi encerrada nesta
quinta-feira, dia 28, com a discussão sobre as reivindicações de
igualdade de oportunidades. Assim, como aconteceu com as demandas de
saúde, condições de trabalho e segurança, os bancos também não
fizeram propostas.
Além de emperrar as negociações, a
Fenaban ainda negou que haja discriminações de gênero, raça e
orientação sexual nos locais de trabalho. E protelou, mais uma vez,
a apresentação dos resultados do II Censo da Diversidade, realizado
entre 17 de março e 9 de maio.
“O curioso é que o primeiro
Censo, aplicado em 2008 pelos próprios bancos, mostra que existe
muita discriminação nas instituições financeiras. As bancárias,
por exemplo, ganhavam 78% dos salários dos homens e encontravam mais
obstáculos para subir na carreira. Além disso, apenas 19,5% dos
bancários eram negros ou pardos e ganhavam em média 84,1% do
salário dos brancos”, comenta a secretária de Finanças do
Sindicato, Suzineide Rodrigues, que representou os bancários de
Pernambuco nesta segunda rodada de negociações.
Os
negociadores da Fenaban disseram que o resultado do II Censo ainda
não foi concluído, mas se comprometeram a apresentar os resultados
na primeira quinzena de setembro. Para os sindicatos, essas
informações são fundamentais para comparar com os dados do
primeiro Censo e formular propostas para corrigir os
problemas.
Negros e mulheres – Por conta dessa
discriminação, o Comando Nacional dos Bancários cobrou a
reivindicação de um percentual mínimo de 20% de negros nas
contratações dos bancos. Os negociadores da Fenaban, no entanto,
foram enfáticos em afirmar que não gostam e não aceitam nenhuma
política de cotas.
Sobre a situação das mulheres, os
sindicatos disseram que as bancárias, em média, possuem
escolaridade superior aos homens, mas ganham menos e enfrentam
barreiras na ascensão profissional. Contra as alegações dos bancos
de que não há discriminações, o Comando apresentou na mesa os
dados do Caged do primeiro semestre deste ano, mostrando que as
mulheres já entram no banco ganhando 24% menos que os homens, na
média. Os dirigentes sindicais também apontaram a ausência de
mulheres nos altos cargos executivos de quase todos os bancos. Os
negociadores da Fenaban não contestaram as informações, mas não
apontaram soluções para combater as discriminações.
O
combate ao assédio sexual nos bancos foi a única reivindicação da
categoria sobre a qual os bancos afirmaram também ser uma
preocupação do setor. No entanto, se recusaram a incluir qualquer
aspecto desse tema na Convenção Coletiva. Concordaram apenas em
fazer uma campanha conjunta com os sindicatos de combate ao assédio
sexual.
Portadores de deficiência – Os bancos
rejeitaram ainda a reivindicação apresentada pelo Comando de abono
das ausências para reparo, conserto, manutenção e aquisição de
órtese e prótese dos trabalhadores com deficiência. Os dirigentes
sindicais consideraram essa posição uma discriminação, uma vez
que qualquer bancário que sofra alguma contusão e necessite ir ao
médico, por exemplo, terá a ausência abonada.
Os banqueiros
alegam que não é necessário incluir o assunto na Convenção
Coletiva porque não existe demanda, uma vez que, segundo eles,
quando algum trabalhador com deficiência necessita se ausentar ele
tem a anuência.
Próxima negociação – A
terceira rodada de negociações será realizada na quarta e quinta
da semana que vem,
dias 3 e 4 de setembro. Em pauta, as reivindicações sobre emprego e
remuneração. “Vamos discutir, entre outros pontos, a implantação
de planos de cargos e salários em todos os bancos, o piso da
categoria, o fim da terceirização e mais contratações. Aliás,
pesquisa divulgada pela Contraf na semana passada mostra que os
bancos cortaram 3,6
mil empregos de janeiro a julho deste ano, enquanto o Brasil gerou
632 mil novos
postos de trabalho. Isso é um absurdo, exigimos mecanismos de
proteção ao emprego dos bancários”, diz a presidenta do
Sindicato, Jaqueline Mello.
Confira os resultados das negociações realizadas até agora nos links abaixo
>> Fenaban (negociação do dia 27 de agosto)
>> Banco do Nordeste (negociação do dia 25 de agosto)
>> Banco do Brasil (negociação do dia 22 de agosto)
>> Caixa (negociação do dia 21 de agosto)
>> Fenaban (negociação do dia 20 de agosto)
>> Fenaban (negociação do dia 19 de agosto)