Israel redobra sua ofensiva contra o Hamas e estuda invadir Gaza

Tel Aviv lançou uma nova ofensiva militar contra a Faixa de Gaza que deve ser prolongada, bombardeando 200 alvos e mobilizando 40 mil soldados para uma possível invasão terrestre a fim de deter os ataques com foguetes vindos dessa região, governada pelo grupo Hamas. Ao menos 16 palestinos, entre eles três crianças, morreram em ataques aéreos e de barcos israelenses do Mediterrâneo, no marco de uma ofensiva denominada operação “Margem Protetora”.

Outros quatro milicianos que foram até a costa de Israel com um barco palestino foram portos pelo Exército quanto tentaram atacar uma base militar no sul israelense. O governo e o Exército israelenses confirmaram que as ofensivas têm como objetivo desferir um golpe no movimento islamista Hamas e deter os disparos de foguetes desde Gaza, que cada vez penetram mais no interior de Israel, um país que se estende entre os territórios palestinos da Cisjordânia, ao Leste, e a Faixa de Gaza, a Sudoeste.

Funcionários israelenses disseram que o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu autorizou o Exército a mobilizar 40 mil soldados adicionais um dia depois de terem convocado mais 1500 reservistas. Netanyahu confirmou também que ordenou “um incremento significativo das operações contra o Hamas” e que a ofensiva em Gaza “levará tempo”, uma expressão repetira por um de seus ministros. “Não terminará em apenas um dia ou dois. Levará tempo”, disse o ministro para a Segurança Interior, Yitzhak Aharonovitch, ao Canal 2 de Israel, durante uma vista à cidade de Ashkelon, ao sul do país – uma das mais atingidas pelos foguetes.

“Se precisarmos entrar com uma operação terrestre, então o faremos. Essas coisas estão sobre a mesa. Essas opções exitem. Não pararemos até que o disparo de foguetes termine”, acrescentou o ministro, que respondeu com um cortante “não agora” quando foi perguntado se havia esforços em curso para chegar a uma trégua.

Logo após o sequestro dos jovens israelenses, em 12 de junho, Israel lançou uma operação massiva contra o Hamas na Cisjordânia, o que levou a um aumento do disparo de foguetes vindos de Gaza.

A escalada de violência é a mais grave desde que Israel lançou uma ofensiva militar em novembro de 2012, que deixou quase 170 mortos. O Exército israelense disse que 131 foguetes foram disparados hoje contra Israel, romando-se aos mais de 85 de ontem. Um dos projéteis ativou as sirenes de alarme em Tel Aviv, a 70 quilômetros de Gaza, naquele que foi o ataque mais profundo até agora e o primeiro contra essa cidade em dois anos – muito embora o foguete tenha sido interceptado e derrubado, segundo informou o Exército em um comunicado citado pela agência de notícias DPA.

Horas mais tarde, as sirenes soaram também em Jerusalém, e pouco depois um foguete explodiu na cidade, segundo informações do Exército, que não deu mais detalhes. Mais cedo, a cidade Jerusalém decidiu abrir os refúgios públicos antiaéreos e instou os cidadãos a preparar seus refúgios privados.

O Exército israelense disse que a Força Aérea e a Marinha lançaram 200 ataques contra Gaza desde o início da operação. Eles foram dirigidos contra as casas de dirigentes do Hamas envolvidos nos ataques com foguetes, complexos usados por milicianos e 98 lugares de onde os projéteis são lançados. 

Fontes médicas palestinas disseram que pelo menos 16 pessoas morreram nos bombardeios em Gaza, incluindo cinco civis. Entre as vítimas, houve seis pessoas, incluindo duas crianças, que faleceram em um bombardeio que destruiu a casa de um líder do Hamas na cidade de Jan Yunis, no sul do país, segundo informou o Hamas. Outro ataque aéreo contra uma moto em movimento matou duas pessoas, incluindo um menino que passava pelo lugar, disseram as fontes médicas citadas pelo jornal israelense Haaretz.

À tarde, tropas israelenses mataram quatro milicianos que se infiltraram em uma base militar ao sul de Israel. O porta-voz militar, tenente-coronel Peter Lerner, disse que os invasores vieram de barco pela costa e atacaram a base com granadas e fuzis, ferindo levemente um soldado.

Em uma fala televisionada, o porta-voz do braço armado do Hamas advertiu Israel que “não sonhe com a calma” enquanto não detiver a “agressão” em Cisjordânia e em Gaza, liberar os palestinos presos novamente logo depois de terem sido trocados pelo soldado israelense capturado Gilad Shalit, em 2011, e retomar o cessar fogo acordado após a ofensiva de 2012.

O presidente palestino, Mahmud Abbas, instou Israel a parar com os ataques imediatamente e apelou para a calma. “A liderança palestina está realizando contatos urgentes e intensivos com atores regionais e internacionais para frear a escalada”, disse Abbas em um comunicado, que tem muito pouca influência em Gaza, conquistada pelo Hamas em 2007, em que pese um recente acordo de conciliação entre seu partido laico Al Fatah e os islamistas do Hamas. Outras facções, menores que o Hamas, também estão lançando foguetes em Israel, como a Jihad Islâmica e os Comitês de Resistência Popular.

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