
Para ele, o instrumento é uma grande conquista da categoria. Mas ainda carece de maior apropriação por parte dos trabalhadores. “Muitos ainda preferem recorrer aos canais internos dos bancos. No entanto, tais canais valem para todo tipo de conflito no ambiente de trabalho, inclusive problemas estruturais, como um ar-condicionado quebrado ou falta de água. Já a ferramenta conquistada pelos bancários, além de garantir sigilo e ser específica para assédio moral, garante a participação dos sindicatos. Com a pressão das entidades sindicais, há maior chance de agilizar as respostas e garantir providências”, salienta Wellington.
Na negociação desta quinta, os bancários cobraram maior divulgação do instrumento por parte dos bancos. Também reivindicaram mais rigor no cumprimento do prazo de 45 dias para apuração das denúncias e o repasse de informações quanto às providências tomadas após a apuração. Outra solicitação foi quanto a maior clareza nas respostas. “A gente verificou que existem muitas respostas padronizadas, o que diminui a credibilidade do instrumento”, explica Wellington.
“Os bancários precisam se apropriar melhor desta ferramenta e, nós, dos sindicatos, temos papel fundamental neste processo. Por isso, também já está definida a realização de uma Oficina Nacional sobre Assédio Moral, para capacitar os dirigentes a trabalharem com o instrumento, incentivando os bancários a efetuarem as denúncias”, diz o dirigente.
Segundo Wellington, a existência do assédio moral e o ambiente de trabalho cada vez mais desgastante podem ser comprovadas pelo aumento das doenças psíquicas a cada ano. Em Pernambuco, por exemplo, foram 71 casos de afastamento por transtorno psíquico em 2012 e, em 2013, este número subiu para 117. “São doenças que estão diretamente ligadas ao assédio moral e cobrança abusiva de metas e que cresceram 65% em um ano, no estado de Pernambuco. Ou seja, a gente sabe que o assédio existe, é crescente. Mas é preciso que se denuncie”, ressalta o diretor do Sindicato.