A Venezuela começa a homenagear o ex-presidente Hugo Chávez, morto há um ano, nesta quarta (5), em meio à grave crise interna. Vários chefes de estado e autoridades latino-americanos já estão na capital Caracas, um dos municípios que, nos próximos dez dias, contará com programação especial para marcar a data.
Para esta quarta, são aguardadas uma parada militar em Cuartel de La Montaña, onde se encontra o túmulo do líder, e o lançamento mundial, via TV Telesur, do documentário Mi amigo Hugo, do cineasta norte-americano Oliver Stone.
O presidente de Cuba, Raul Castro, o da Bolívia, Evo Morales, e o vice da Argentina, Amado Boudou, já estão no país. Do Brasil, seguiu o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia. Na terça (4), ele participou de um debate na multiestatal Telesur, em que defendeu que, apesar da crise interna o país tem bases sólidas para superar os problemas de forma pacífica. Aos jornalistas, ele disse que participará das homenagens e se reunirá com o presidente Nicolás Maduro.
As homenagens a Chávez, o ex-presidente que se tornou a figura pública mais popular da história recente da Venezuela ao implantar um governo socialista e popular, ocorrem no momento em que fortes distúrbios sacodem o país. Desde 12 de fevereiro, a oposição vem realizando protestos violentos contra o aumenta da violência e a crise no abastecimento de alimentos. Líderes antichavistas, como Leopoldo López, chegaram a afirmar que só sairão das ruas com a deposição do presidente eleito democraticamente.
O governo Maduro avalia que há um claro objetivo de desestabilização do seu governo, com apoio dos Estados Unidos, que financia os principais líderes opositores e, desde a tentativa de golpe contra Hugo Chavez, em 2002, ainda procura um caminho para colocar as mãos no petróleo da região.
O governo Maduro ressalta ainda, que o país não está dividido como faz supor a cobertura tendenciosa da imprensa internacional. Segundo o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Elias Jaua, pesquisa realizada no país indica que 60% dos jovens são favoráveis ao socialismo e apenas 21%, ao capitalismo. Em visita ao Brasil, na semana passada, ele afirmou que os protestos só ocorrem em 18 dos 335 municípios venezuelanos, notadamente em áreas de classe média e classe média alta.