A Contraf-CUT e o
Sindicato deram mais um passo importante para a consolidação do
projeto-piloto de segurança bancária. Em quatro reuniões
realizadas nesta terça e quarta, dias 21 e 22, os representantes das
209 agências de Recife, Olinda e Jaboatão puderam conhecer de perto
o pacto que garantiu a instalação de uma série de equipamentos de
segurança nessas unidades. Os bancários também receberam dicas
sobre como atuar para que o projeto-piloto seja, de fato, um
sucesso.
“Essas reuniões foram históricas”, avalia o
diretor da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de
Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr. “Foi a primeira vez que
reunimos num mesmo espaço, para debater a segurança, representantes
do movimento sindical, da Febraban, da polícia e dos bancários de
base. Vale lembrar que, até pouco tempo atrás, a Febraban não
participava de nenhuma reunião para discutir segurança; nem de
audiências públicas convocadas pelas
assembleias legislativas dos estados e pelas câmaras municipais”, ressalta Ademir.
A
reuniões realizadas esta semana no Recife foram reivindicadas pelo
Sindicato e pela Contraf-CUT no Grupo de Acompanhamento do
Projeto-piloto. “No início, a Febreban se recusou a realizar as
reuniões, que só saíram depois de muita pressão”, conta a
presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello. “Agora, o próprio
diretor de Segurança Bancária da Febraban, Pedro Oscar Viotto,
reconheceu a importância das reuniões para discutir o
projeto-piloto com os bancários e até disse que esses encontros
deveriam ter sido realizados há mais tempo”, destaca.
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Veja como foram as apresentações do Sindicato, da Contraf, polícia e Febraban
Segundo Jaqueline, as perguntas
apresentadas pelos bancários nas reuniões mostraram que os anseios
dos trabalhadores estão bem sintonizados com a luta do Sindicato e
da Contraf-CUT por mais segurança nas agências. “Muita gente
perguntou, por exemplo, sobre os perigos do bancário levar para a
casa as chaves das agências e dos cofres. E esta é uma das
principais lutas do Sindicato. Queremos, inclusive, garantir na
Convenção Coletiva a proibição da guarda das chaves por
bancários. Isso deve ser de responsabilidade das empresas de
segurança que prestam serviço para os bancos”, diz.
O
projeto-piloto – Conquistado na Campanha Nacional de 2012, o
Projeto-piloto de Segurança Bancária garantiu para as agências de
Recife, Olinda e Jaboatão a instalação de grande parte dos
equipamentos reivindicados pelos sindicatos: portas com detectores de
metais, câmeras nas áreas internas e externas, biombos entre a
bateria de caixas e as filas, guarda-volumes, vigilantes com coletes
a prova de balas e armados e cofre com dispositivo de retardo. O
acordo foi assinado em abril do ano passado e os equipamentos
instalados até agosto.
Para Jaqueline, foram anos de luta até
a conquista deste projeto-piloto. “É uma honra que Recife, Olinda
e Jaboatão tenham sido escolhidos para sediar este projeto-piloto.
Mas isto não foi por acaso, foi fruto da luta do Sindicato e do
Ministério Público, que mandou interditar e multar as agências
inseguras da capital pernambucana dois anos atrás. Os bancários do
país inteiro estão com os olhos voltados para cá e o sucesso desse
projeto-piloto é fundamental para que as medidas de segurança
implantadas aqui sejam levadas para o restante do Brasil”, afirma.
Ademir ressalta que, apesar dos avanços garantidos no
projeto-piloto, os bancários defendem outras medidas que não foram
contempladas, como a instalação de vidros blindados nas agências e
o monitoramento das imagens das câmeras de segurança em tempo real.
“Além disso, queremos a isenção das tarifas de transferência de
recursos para evitar o saque de altas quantias de dinheiro e coibir o
chamado crime da saidinha de banco”, diz.
Polícia em
sintonia – As palestras apresentadas pelos delegados Mauro
Cabral e José Cláudio Nogueira mostraram que a visão de segurança
da Polícia Civil também está em sintonia com a luta dos
sindicatos.
Os delegados disseram que a porta com detector de
metais, por exemplo, é uma das melhores formas de se evitar os
assaltos a bancos. Os dispositivos, no entanto, só foram instalados
depois da pressão do movimento sindical. “Até dois anos atrás,
os bancos estavam retirando as portas com detector de metais das
agências. Agora que estão recolocando aqui no Recife e em Olinda e
Jaboatão por conta do projeto-piloto. Mas no interior, as agências
e, principalmente, os postos de atendimento estão entregues à
própria sorte”, explica Jaqueline.
Ademir destacou, nas
reuniões, o fator de os bancos só investirem 5% do lucro em
segurança. O delegado José Cláudio deixou claro: “os bancos que
mais investem em segurança são os menos assaltados”.
Os
delegados também fizeram algumas reclamações contra os bancos,
como o não registro de Boletins de Ocorrências ou o atraso de
semanas na abertura do documento, o que, segundo eles, atrapalha a
investigação policial. Eles também citaram problemas com a
qualidade das imagens e o posicionamento inadequado de parte das
câmeras de segurança, além do desvio de função dos vigilantes,
que, por falta de bancários, precisam dar orientações aos clientes
e organizar filas.
“A participação dos bancários é
fundamental para o sucesso do projeto-piloto. Os trabalhadores
precisam fiscalizar se as câmeras estão funcionando direito, se
todos os equipamentos foram instalados e, sempre, registrar Boletim
de Ocorrências para os assaltos e outros ataques a bancos”,
finalizou o delegado José Cláudio.