Bancário demitido enquanto estava de licença garante reintegração no Itaú

João da Silva (nome fictício) é um dos vários bancários que viram sua saúde psíquica ser
destruída pela pressão no trabalho. Funcionário do Itaú há cinco
anos e meio, ele estava de licença quando foi demitido pelo banco.
Para passar por cima da lei, que garante estabilidade ao portador de
doença ocupacional, o banco alegou justa causa. Mas recusou-se a
informar o trabalhador o motivo da dispensa. Na última sexta-feira,
4 de outubro, ele foi reintegrado aos quadros do banco por decisão
judicial.

Muito antes de decidir procurar ajuda médica, João, que pediu para não ser identificado, já mostrava os sintomas da doença. “Não conseguia dormir à
noite e, no outro dia, me mantinha acordado às custas de café.
Tinha um desânimo imenso, vontade de chorar, me sentia incompetente,
perda de memória, vivia irritado…”, conta ele. No entanto, não
conseguia imaginar o nexo entre os vários sintomas nem que aquilo se
tratava de doença.

Foi a partir de conversa com os colegas,
muitos dos quais trabalhando medicados, que ele começou a perceber
que precisava de ajuda médica. “Teve um dia que eu estava tão mal
que não tive condições de trabalhar. Fui atendido de urgência em
uma clínica psiquiátrica e, só então, comecei o tratamento”,
lembra.

Ele estava de licença há cerca de três meses
quando recebeu um telegrama em casa. Na mensagem, avisavam para
comparecer à agência que, por decisão da inspetoria, ele estava
desligado dos quadros do banco. Ao comparecer à unidade, ninguém
informou o motivo do desligamento e sequer deixaram-no levar uma
cópia do documento que ele se recusou a assinar.

O Sindicato
não homologou a demissão e ele entrou na Justiça, por meio de
escritório particular. Com o Plano de Saúde cortado, sequer podia
dar continuidade ao tratamento. “Cheguei a ir a uma consulta com o
psiquiatra e fiquei tomando as medicações. Mas não pude procurar
um psicólogo, por exemplo”, diz.

Na sexta passada, foi reintegrado ao Itaú. Mas não sabe, ainda, se terá condições
de retornar ao trabalho. Segundo o bancário, ele vinha se sentindo melhor.
Já tinha até parado de tomar um dos remédios. No entanto, nos
últimos dias, provavelmente diante da expectativa de retomar o
trabalho, tudo voltou. “Minha advogada me orientou para que eu
tentasse entrar na agência. No entanto, basta chegar perto que todos
os sintomas retornam”, conta.

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