A greve nacional dos
bancários completa doze dias nesta segunda-feira (30) e já é uma
das maiores paralisações realizadas pela categoria nas últimas
duas décadas. Apesar da força do movimento, os bancos se mantiveram
em silêncio até agora e não deram qualquer sinal para retomar as
negociações, paradas desde o dia 5 de setembro.
“Os
bancários estão revoltados com a postura dos bancos, por isso a
nossa greve só cresce. A mobilização está muito forte, esta greve
já é histórica”, avalia a presidenta do Sindicato, Jaqueline
Mello. “Agora, precisamos manter esta força na segunda-feira para
pressionar os bancos e garantir a retomada das negociações. Esta
campanha está particularmente difícil porque a Fenaban não está
querendo ceder. Mas, tenho certeza, seremos vitoriosos se mantivermos
a força desta greve”, diz Jaqueline.
Em entrevista para a
Folha de São Paulo nesta sexta-feira, 27, o diretor de Relações
Trabalhistas da Fenaban (federação dos bancos), Magnus Apostólico,
responsável pelas negociações com os bancários, afirmou
categoricamente que os bancos já decidiram que não haverá aumento
acima da inflação este ano. O jornal assinala que, se os bancos
“não cederem de fato, será a primeira vez desde 2003 que a
categoria, uma das mais fortes nas negociações salariais, receberá
só a reposição da inflação (6,1%)”. A Folha ainda destaca que
“as negociações dos bancários serve de modelo para os acordos
salariais de todo o setor de serviços” e que “a categoria teve
22,2% de aumento real” nos últimos dez anos.
Na entrevista,
o representante da Fanaban, falando em nome dos banqueiros, diz que
“ao repor o poder de compra, os bancários continuarão com os
melhores salários do mercado, os melhores benefícios e a
participação de lucros [PLR] garantida em convenção coletiva”.
Um dos motivos alegados pelo diretor da Fenaban para não conceder
aumento real “é o fato de o lucro obtido pelos bancos ter sido
menor do que a inflação no primeiro semestre, em relação ao mesmo
período de 2012”.
Para a presidenta do Sindicato, o recado
dos banqueiros na entrevista é uma provocação aos bancários e só
mostra a necessidade de se manter uma greve forte. “Só os seis
maiores bancos que atuam no país lucraram mais de R$ 30 bilhões no
primeiro semestre do ano. É quase 4% a mais que no mesmo período do
ano passado. Mas, mesmo que o lucro não tivesse crescido, os ganhos
dos bancos continuariam estratosféricos. É inacreditável o diretor
da Fenaban usar este argumento para justificar a proposta ridícula
de acordo que apresentaram na última negociação, há quase um
mês”, afirma Jaqueline.
Mais pressão – Além da
provocação feita pelo diretor da Fenaban através da Folha de São
Paulo, Jaqueline diz que os bancários também estão sofrendo uma
enorme pressão dos bancos para não aderir à greve. “Temos
recebido inúmeras denúncias de bancários que estão sendo
ameaçados pelos gestores. Além disso, todos os grandes bancos
privados estão acionando a Justiça para tentar esvaziar nossa greve
(leia aqui). Toda esta estratégia é furada, pois os bancos só
estão irritando ainda mais os bancários que, a cada dia, fortalecem
a greve”, garante Jaqueline.
Uma das últimas denúncias de
pressão recebida pelo Sindicato foi feita nesta sexta-feira 27.
Segundo os funcionários, o Bradesco de Vitória de Santo Antão
exigiu que todos os trabalhadores da agência entrassem às seis
horas da manhã para evitar a mobilização dos grevistas. O diretor
da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro do Nordeste
(Fetrafi-NE), Bruno Maia, chegou nesta sexta na agência por volta da
5h20 e flagrou os funcionários entrando para
trabalhar.
“Conversamos com os bancários e destacamos a
importância de se resistir à pressão do banco e fortalecer a
greve. Boa parte dos trabalhadores aderiram ao movimento na hora e
nem entraram para trabalhar. Infelizmente, os bancos não estão
respeitando o direito de greve dos bancários”, diz.
Greve
histórica – Segundo Jaqueline, a greve dos bancários este ano
deve entrar para a história como a maior paralisação feita pela
categoria nas últimas duas décadas. “Isso mostra a importância
da mobilização que o Sindicato tem feito, mas também é resultado
das péssimas condições de trabalho nos bancos. Os bancários não
aguentam mais tanta pressão por metas absurdas, horas extras
constantes e um ambiente insalubre de trabalho que está acabando com
a saúde física e mental. É por isso que a nossa greve não é só
por salário. É por condições dignas de trabalho e contra os
abusos dos bancos”, finaliza Jaqueline.
Confira abaixo como
foram as adesões dos bancários pernambucanos nas últimas quatro
greve.
2013 – 90% de paralisação (518 agências
fechadas)
2012 – 87% de paralisação (456 agências
fechadas)
2011 – 70% de paralisação (380 agências
fechadas)
2010 – 60% de paralisação (307 agências fechadas)
* Além das agências,
os bancários pararam, todos os anos, os centros administrativos dos
bancos