Desde o início da semana, Samanta Maria da Conceição está de
volta a sua agência, no Itaú do Cabo. Foi lá que ela trabalhou durante onze
meses, após dois anos de emprego no Hipercard. Foi lá que ela passou a
desenvolver os primeiros sintomas de LER (Lesões por Esforço Repetitivo). Descartada
do quadro de pessoal em abril do ano passado, ela recorreu ao Sindicato e, por
meio do escritório de advocacia de Pedro Paulo Pedrosa, garantiu que a justiça
fosse feita.

A doença ocupacional de Samanta é fruto evidente do ambiente em que trabalhou.
Todos os dias, ela precisava despertar às 5h30 para chegar cedo na agência do
Cabo, onde muito trabalho a aguardava. “Eram apenas três mesas para abertura de
contas e tinha muita conta a abrir por causa de Suape. A ordem era cumprir a
meta. Como isso nunca ocorria dentro da jornada, tínhamos de trabalhar mais de
oito horas por dia”, lembra a bancária.

Além disso, Samanta estudava à noite. Precisava sair do emprego a tempo de
chegar na faculdade, nas Graças. Ou seja, tinha que acelerar o serviço o quanto
podia. “Às vezes, minha mão direita travava. Eu precisava parar durante algum
tempo pra me recuperar e, só então, retomava o ritmo”, conta. Apesar disso, ela
nunca procurou ajuda médica. “Não tinha tempo”, justifica-se.

No dia 27 de abril de 2012, veio a demissão. “Não havia nada que justificasse:
eu sempre deixei os números em dia. No mês anterior, tinha sido segundo lugar
no ranking de seguro de vida na região”, afirma Samanta.

Após a dispensa, a bancária procurou o Sindicato, que não homologou a demissão
e a encaminhou para exames médicos e para o INSS, que constataram a lesão. A
ação foi impetrada e, na segunda-feira, dia 19, Samanta fez os exames de
retorno e, desde terça, 20, está de volta à mesma agência.

Em sua reintegração, foi acompanhada pelos diretores do Sindicato Onésimo
Reinaux e Luís Henrique. “Fui muito bem recebida, inclusive pelo gerente. A
agência está com uma estrutura melhor: acredito que não terei os mesmos
problemas”, diz a bancária.