Os bancários de
Pernambuco deram início neste sábado, dia 29, às discussões sobre
as reivindicações e estratégias para a Campanha Nacional 2013. O
Encontro Estadual, realizado na sede do Sindicato, contou com a
participação do presidente da Contraf-CUT (Confederação Nacional
dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Carlos Cordeiro, que comandou
um interessante debate sobre as perspectivas e desafios da Campanha
deste ano.
Para a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, o
Encontro Estadual é o pontapé inicial das organizações da
Campanha Nacional. “Agora, vamos levar o debate que fizemos neste
sábado para a Conferência Regional dos Bancários do Nordeste, que
será realizada no próximo final de semana, em Maceió. Em seguida,
levaremos as contribuições da nossa região para a Conferência
Nacional, que ocorre entre os dias 19 e 21 de julho, em São Paulo.
Lá, vamos fechar a pauta de reivindicações que será entregue aos
bancos e, no início de agosto, colocaremos a nossa Campanha nas ruas
para pressionar a Fenaban e garantir que as negociações sejam
produtivas. Mais uma vez, a mobilização dos bancários será
fundamental para conquistarmos nossas reivindicações e encerrarmos
mais uma Campanha com vitória”, afirma Jaqueline.
Durante
os debates deste sábado, o presidente da Contraf-CUT destacou os
eixos que os bancários deverão colocar em pauta na Campanha deste
ano, como as reivindicações para o emprego, remuneração, saúde e
condições de trabalho. “Nossa campanha é chamada de nacional, e
não salarial, porque não temos apenas reivindicações econômicas.
Queremos mais saúde, condições de trabalho, igualdade de
oportunidades. E, para conquistarmos tudo isso, precisamos de quatro
coisas: esperança, ousadia, mobilização e unidade”, afirmou
Carlão.
Emprego – O presidente da Contraf-CUT
apresentou dados alarmantes sobre a situação do emprego dos
bancários. Só no ano passado, os bancos privados cortaram quase 11
mil postos de trabalho, sendo 8 mil apenas no Itaú. No primeiro
trimestre deste ano, os bancos privados e mais o Banco do Brasil
fecharam 2,3 mil empregos.
“Isso sem contar as milhares de
demissões de bancários que ganham salários maiores e são
substituídos por outros com ganhos menores. No ano passado foram 40
mil demissões de trabalhadores que acabaram sendo substituídos por
outros que ingressaram nos bancos ganhando 38,9% a menos. Essa
rotatividade, que é péssima para os bancários e ótima para os
bancos, precisa ser combatida”, disse Carlão.
Outra questão
relacionada ao emprego é a terceirização. Boa parte dos debates
foram focados no substitutivo ao Projeto de Lei 4330, do deputado
Sandro Mabel, que escancara as terceirizações no Brasil e
praticamente acaba com as leis trabalhistas. “Ele será votado na
Comissão de Constituição e Justiça da Câmara no dia 9 de julho
e, se for aprovado, segue direto para o Senado. Vamos realizar uma
grande mobilização nos dias 4 e 9 de julho para pressionarmos o
Congresso e enterrar este projeto nefasto para o trabalhador (leia
mais aqui)”, destacou.
Remuneração – Desde
2004, a luta dos bancários tem garantido aumento real de salários
em todas as Campanhas. De lá para cá, o reajuste foi 16,2% a mais
que a inflação, sendo que o piso foi mais valorizado ainda: 35,6%
de aumento real. “Só que o salário médio dos bancários continua
o mesmo desde 2004 justamente por causa da rotatividade”, comentou
o presidente da Contraf.
Para Carlão, é preciso lutar para
acabar com a desigualdade nos bancos. “Um diretor executivo do
Itaú, por exemplo, ganha 190,45 vezes mais do que um caixa. Isso
quer dizer que o caixa precisa trabalhar mais do que 16 anos para
ganhar o que o diretor executivo ganha em um mês. Precisamos brigar
para garantir uma distribuição salarial mais justa e, nesse ponto,
é importante lutarmos por planos de cargos e salários transparentes
em todos os bancos”, disse.
Condições de trabalho –
Outro dado assustador apresentado pelo presidente da Contraf-CUT
mostra que, só nos últimos três meses do ano passado, 4.066
bancários foram afastados pelo INSS com doenças ocupacionais. Neste
grupo, 25% sofria com doenças psíquicas.
“Os bancos estão
acabando com a saúde física e mental dos bancários. As metas
exageradas e a pressão, que acaba se transformando em assédio
moral, não estão apenas adoecendo a nossa categoria, mas estão
matando. Lutar contra esta estrutura perversa de trabalho criada
pelos bancos é de extrema importância para garantirmos a nossa
saúde e qualidade de vida”, afirmou.
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