Manifestantes voltam a marchar contra aumento da tarifa em São Paulo

Marchas pipocaram no início da noite desta terça-feira (18) pela região metropolitana de São Paulo pelo segundo dia seguido. Além dos atos surgidos da Praça da Sé, marco zero da capital, há manifestações convocadas pelas redes sociais na zona sul e em Cotia, na Grande São Paulo.

A Companhia de Engenharia e Tráfego (CET) informou há pouco que estão interditadas a Avenida Paulista, a marginal do Rio Pinheiros na altura da ponte Ari Torres no sentido da rodovia Castelo Branco, o Largo 13 e o Largo do Rio Bonito, na zona sul, além da Praça da República, no centro. Também estão interditadas a rodovia Cônego Domenico Rangoni e a via Anchieta, em Cubatão.

Tentativa de invasão – Um grupo de manifestantes contrários ao aumento da tarifa do transporte público em São Paulo tentou invadir a sede da prefeitura, no Viaduto do Chá, centro da capital. Contrariando as orientações do Movimento Passe Livre, que organiza os atos, esses manifestantes arrancaram as grades de proteção do prédio e tentaram entrar.

Depois de tentar sem sucesso impedir a ocupação, a Guarda Civil Metropolitana recuou para dentro do prédio e fechou as portas. Integrantes do Passe Livre tentam conter os exaltados, que não passam de 20 pessoas, com a formação de um cordão humano. Ainda assim, este grupo se vale de pedras na tentativa de provocar danos ao edifício e ao protesto. Dois deles subiram nos mastros em frente ao edifício e arrancaram as bandeiras da cidade e do estado. 

Após mais uma tentativa fracassada de invasão, o grupo ateou fogo em um carro da TV Record e a um posto da Polícia Militar. Em seguida passaram a depenar uma agência do Itaú e a saquear uma loja da rede de roupas Marisa. Segundo o Datafolha, o ato de hoje reúne 50 mil pessoas.

Um grupo saiu direto da Praça da Sé em direção ao Executivo municipal e outro foi para o Parque Dom Pedro II, onde encontrou com um terceiro grupo. Lá fecharam a Avenida do Estado e subiram em direção à prefeitura. Agora, os representantes do Passe Livre levam a marcha para a Praça da República, do outro lado do Viaduto do Chá.

Antes de alguns manifestantes se exaltarem, a marcha transcorria normalmente. A bandinha que faz a batucada do Passe Livre incentivava a multidão a entoar músicas e gritos remetendo ao tema do transporte. “Chega de tarifa e político babaca. A gente tá a fim de uma vida sem catraca”, diziam. 

Depois do ato de ontem, que reuniu 100 mil pessoas, nos cálculos do movimento, o Passe Livre passou a debater como seria possível manter a pauta em torno da mobilidade urbana com tantas ideias diferentes dentro dos atos.

Agora, a manifestação liderada pelo Passe Livre segue da Praça da República para a Avenida Paulista. Portando a faixa do movimento contra o aumento das tarifas, o grupo passou pelo Viaduto do Chá convocando as pessoas a se dirigir à Rua da Consolação. 

Próximo à igreja da Consolação, o coordenador do grupo, Mateus Preis, sugeriu uma nova rota. Algumas pessoas se opunham, e defendiam a caminhada até a Avenida Paulista. Mateus retrucou: “Mas na Paulista não cabe tanta gente”.

O major Góes, um dos três comandantes da PM que negocia o trajeto com os organizadores da marcha, respondeu: “Cabe, sim”. “Então o senhor sugere que a gente siga para a Paulista?”, indagou uma ativista. “Não sugiro nada. Vocês é que decidem.”

No entanto, há várias outras frentes de comando, criando diversos atos. Também ainda há centenas de manifestantes em frente à prefeitura. A Rodovia Raposo Tavares está fechada nos dois sentidos próximo ao km 33, em Cotia, onde 3 mil pessoas protestam, e a Avenida Teotônio Vilela, no Grajaú, zona sul, também está parada desde as 18h, com 1 mil manifestantes que se organizaram pelas redes sociais.

A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) informou que a operação da Linha 9-Esmeralda, que faz o percurso Osasco-Grajaú, foi suspensa às 18h50, por motivo de segurança. Segundo a empresa, “houve depredação dos trens por manifestantes exaltados”. Foi acionado o Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência (Paese), que usa ônibus no trajeto.

De acordo com a CPTM, a confusão teve origem na falha de um trem, que trafegava no sentido Grajaú, na chegada da estação Morumbi, por volta das 16h40. “Alguns usuários não aguardaram o restabelecimento e acionaram o botão de emergência, descendo a via férrea. Às 17h20, o trem foi removido, mas como havia muitos usuários andando na via, a circulação dos trens passou a ser realizada com velocidade reduzida”, diz a companhia.

Era horário de pico, o que fez encher as plataformas da estação. A essa altura, “um grupo iniciou a depredação de algumas composições, razão pela qual a operação dessa linha foi suspensa”.

O ato de hoje é realizado depois de uma reunião no Conselho da Cidade com o prefeito Fernando Haddad (PT). No encontro desta manhã, o petista sinalizou pela primeira vez com a possibilidade de revogar o aumento do valor da passagem, de R$ 3 para R$ 3,20, válido desde o dia 2.

Haddad afirmou que vai analisar as reivindicações do MPL e considerar a posição dos conselheiros que se manifestaram favoráveis à revogação, e os convidaria para negociar até o fim desta semana. Mas ponderou que a redução vai provocar uma necessidade de subsídio da ordem de R$ 1,4 bilhão até o fim deste ano, dinheiro que teria de ser retirado de outras áreas do orçamento. “O que eu não posso é omitir da população que isso vai demandar o deslocamento da verba de um setor para outro. Mas, se a população considerar que isso vale a pena, nós teremos de fazer.”

Expediente:
Presidente: Fabiano Moura • Secretária de Comunicação: Sandra Trajano  Jornalista ResponsávelBeatriz Albuquerque • Redação: Beatriz Albuquerque e Brunno Porto • Produção de audiovisual: Kevin Miguel •  Designer Bruno Lombardi