O
Santander Brasil anunciou nesta quinta-feira (25) lucro líquido
gerencial de R$ 1,519 bilhão no primeiro trimestre de 2013, o que
significa uma queda de 14,4% na comparação com o mesmo período do
ano passado e uma redução de 5,5% em relação ao último trimestre
de 2012.
Esse
resultado bilionário continua representando 26% do lucro mundial do
banco espanhol. O retorno sobre o patrimônio líquido médio
anualizado do Santander Brasil permanece alto, apesar da queda de
12,8% no quarto trimestre de 2012 para 12,0% nos três primeiros
meses deste ano.
“Mesmo
com esse lucro estrondoso, fruto do empenho e dedicação dos
bancários, o Santander continua andando na andando na contramão do
emprego em vez de oferecer contrapartidas sociais, como a manutenção
e a ampliação de postos de trabalho”, afirma Carlos Cordeiro,
presidente da Contraf-CUT.
Corte
de 1.569 empregos em um ano –
Conforme
análise do Dieese, a instituição fechou 508 empregos nos primeiros
três meses do ano. Em dezembro de 2012, o Santander contava com
53.992 empregados, mas encerrou o primeiro trimestre com 53.484. Em
relação ao quadro de pessoal em março de 2012, a redução foi de
1.569 funcionários.
As
despesas de pessoal, incluindo PLR, caíram 4,2% na comparação
entre o primeiro trimestre deste ano e o mesmo período de 2012,
passando de R$ 1,829 bilhão para R$ 1,753 bilhão. “Esse é o
efeito perverso das demissões e da política de rotatividade do
banco”, aponta Ademir Wiederkehr, funcionário do banco e
secretário de imprensa da Contraf-CUT.
Crescimento
das receitas de tarifas –
Já
as receitas de prestação de serviços e tarifas subiram 9,1% em
relação ao mesmo período de 2012, atingindo R$ 2,699 bilhões
(alta de 2,3% no trimestre), valor suficiente para cobrir 153,96% do
total de despesas de pessoal do banco (incluindo a PLR), aponta o
Dieese.
Mais
uma vez, o lucro do banco não foi maior por causa da alta provisão
para devedores duvidosos (PDD), que atingiu R$ 3,371 bilhões, o que
representa um crescimento de 9,1% em relação ao mesmo trimestre de
2012.
Para
a Contraf-CUT, essa enorme provisão não se justifica diante da
pequena elevação da inadimplência, que ficou em 5,8% no primeiro
trimestre, alta de 1 ponto percentual em relação ao mesmo trimestre
de 2012 e de 0,3 ponto percentual na comparação com os últimos
três meses de 2012.
Redução
do crédito –
Além
da PDD, impactaram o lucro a queda anual de 3,8% nas receitas das
operações de crédito (-4,8% no trimestre) e a redução anual nas
receitas de depósitos em 29,8% (-12,8% no trimestre).
“Os
bancos privados, como o Santander, deviam ampliar a oferta do
crédito, reduzir juros e apostar no ganho em escala, como têm feito
os bancos públicos, em vez de travar o crédito e elitizar cada vez
mais o atendimento”, avalia Cordeiro.
A
carteira de crédito ampliada atingiu o patamar de R$ 256,152
bilhões, com crescimento de 8,3% em 12 meses e queda de 0,1% no
trimestre. No segmento de pessoa física, o crescimento foi de 7,3%
em um ano, com destaque para as linhas de crédito imobiliário e
leasing (veículos), com crescimento de 31,2% e 22,7%,
respectivamente.
No
crédito para pessoa jurídica, o Dieese salienta o crescimento de
pequenas e médias empresas (9,2%), enquanto o crédito para grandes
empresas apresentou expansão de 7,4% em um ano. Destaca-se, aqui,
uma elevação de 42% no crédito rural e o crescimento do crédito
imobiliário em 19,9%.
O
Santander Brasil encerrou o primeiro trimestre com patrimônio
líquido de R$ 51,133 bilhões, 6,5% maior que o visto em 12 meses e
1,2% superior ao obtido no último trimestre de 2012.
O
lucro líquido gerencial desconsidera a despesa de amortização de
ágio referente à compra do Banco Real, que foi de R$ 909 milhões
no trimestre.
Lucro
mundial –
O
lucro mundial do Santander, maior banco da zona do euro, foi de R$
1,21 bilhão de euros no primeiro trimestre, uma queda de 26% em
consequência da crise europeia e da recessão na Espanha, que levou
a um significativo crescimento na inadimplência do crédito
imobiliário.
Houve
também uma desaceleração do crescimento do banco na América
Latina, onde o lucro caiu 18%. Além disso, ocorreu uma queda de
quase 25% no lucro obtido no Reino Unido.
Terceira
troca de presidente desde 2010 –
O
Santander Brasil anunciou na noite de quarta-feira (24) a terceira
troca na presidência desde o final de 2010, quando o então
presidente Fábio Barbosa deixou o cargo e assumiu o executivo
espanhol Marcial Portela.
O
novo presidente será outro executivo espanhol, Jesús Zabalza,
Zabalza, de 55 anos, que era diretor geral da divisão América,
incluindo operações do grupo na Argentina, Chile, México, Peru,
Porto Rico e Uruguai. No Santander desde 2002, ele já passou também
por BBV Argentaria e La Caixa.
Portela
continuará no Santander Brasil como presidente do Conselho de
Administração.
Bancários
cobram respeito e valorização –
“Esperamos
que a mudança na presidência abra novos caminhos para o crescimento
do banco, com valorização dos funcionários e aposentados. Há
muitas demandas pendentes dos trabalhadores que precisam ser
atendidas, como o fim das demissões, mais contratações, melhoria
das condições de saúde e trabalho, e solução para os problemas
na previdência complementar”, destaca Ademir.
“Queremos
emprego decente e aposentadoria digna. E que o Santander respeite o
Brasil e os brasileiros”, conclui o dirigente da Contraf-CUT.