O Santander Brasil
anunciou na manhã desta quinta-feira (31) lucro líquido “gerencial”
de R$ 6,329 bilhões em 2012, uma queda de 5% em relação ao ano
anterior. Os ganhos do banco espanhol só foi inferior ao do ano
passado porque a empresa aumentou em 30,11% as provisões para
despesas com devedores duvidosos (PDD), apesar de a inadimplência
nesse período ter crescido apenas 1 ponto percentual. Ainda assim, o
Brasil foi responsável por 26% do resultado global do banco, que
obteve lucro líquido de 2,2 bilhões de euros, recuo de 59% na
comparação anual.
Apesar do resultado fabuloso no Brasil, o
Santander fechou 572 postos de trabalho de bancários brasileiros, ao
contrário do que ocorreu em outros países onde atua, inclusive na
matriz na Espanha. Essa é a principal conclusão da análise que o
Dieese fez do balanço de 2012 do Santander (clique aqui para
ver o estudo).
Para o secretário de Administração do
Sindicato, Epaminondas Neto, o balanço do Santander confirma as
denúncias que o movimento sindical tem feito. “Temos dito que o
Brasil é o país mais lucrativo para o banco espanhol e, no entanto,
é aqui o lugar que o Santander mais demite no mundo. Mesmo na matriz
da Espanha, país em crise financeira, o banco não demite e,
inclusive, fechou recentemente acordo com os sindicatos de lá
garantindo a manutenção dos emprego”, conta Epaminondas que é
funcionário do Santander.
O dirigente ressalta que só em
dezembro o Santander demitiu sem justa causa 1.153 trabalhadores
brasileiros, cerca de 60 em Pernambuco. “Conseguimos reverter
metade das demissões em nosso estado depois de muita luta e pressão
(leia mais aqui). Mas a pratica administrativa do Santander
aqui no Brasil mostra que o banco espanhol não tem nenhuma
responsabilidade social com o nosso país, embora seja o mercado mais
lucrativo da empresa”, destaca Epaminondas.
Maquiagem no
balanço – Repetindo a estratégia de todo o sistema financeiro
nacional no ano passado, o Santander mais uma vez superdimensionou as
provisões para dívidas superiores a 90 dias, que nos últimos 12
meses passaram de R$ 11,5 bilhões para R$ 14,9 bilhões, um aumento
de 30,11%.
“Essas provisões representam duas vezes e
meia o lucro líquido do banco no ano, o que é um evidente exagero
diante de uma realidade em que a inadimplência cresceu 1 ponto
percentual em 2012, mas vem caindo. Essa maquiagem no balanço visa
ludibriar o governo e a sociedade e tem impacto negativo até na
distribuição da PLR dos bancários”, critica Carlos Cordeiro,
presidente da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores
do Ramo Financeiro).
Mesmo com a pequena redução dos juros e
do spread no ano passado por força da pressão do governo federal e
da ação de mercado dos bancos públicos, o Santander aumentou as
operações de crédito em 8%, ampliou a receita de prestação de
serviços em 12% e as rendas de tarifas bancárias também em 12%.
Com isso, a receita de prestação de serviços passou a cobrir
137,7% das despesas de pessoal, um incremento de 5,13 pontos
percentuais.
“Como se vê, a situação do Santander é
privilegiada no Brasil. O banco espanhol precisa retribuir a
sociedade brasileira com crédito mais barato, criação de empregos
e respeito aos trabalhadores e suas entidades representativas. Vamos
intensificar essa cobrança em 2013”, avisa o presidente da
Contraf-CUT.