Por
Sérgio Goiana*

No debate sobre essa onda de
privatizações que está ocorrendo no país, a CUT, juntamente com o
Sindsep-PE, vem fazendo uma crítica muito severa. Para o governo, ao
que parece, a solução para todos os problemas passa pela
privatização. Recentemente, o governo federal decidiu privatizar os
aeroportos com a tese de que os mesmos estão sucateados, que não
têm recursos para a sua restauração e que somente através da
privatização é que terão condições de receber grandes eventos
previstos para o país nos próximos anos, como a Copa das
Confederações em 2013, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de
2016.

Temos a clareza de que esse não é o caminho correto.
Até porque, no caso dos aeroportos, por exemplo, nada é de graça.
A Infraero – empresa estatal que gerencia os aeroportos – tem
recursos suficientes para a manutenção e modernização desses
terminais aéreos. Agora, se o dinheiro não está sendo bem
utilizado, a questão é outra. Outro setor que tem despertado o
interesse da iniciativa privada e levado o governo a pensar como mais
uma opção para privatizar é o das estradas.

Em Pernambuco,
foi aprovada recentemente pela Assembleia Legislativa a proposta de
privatização das estradas estaduais, sob a alegação de que o
Estado não tem condições de fazer sua manutenção, repassando
esse custo para o cidadão, que terá que pagar pedágio. Isso é um
absurdo. Já pagamos impostos altíssimos para termos um serviço
público de qualidade, que inclui a manutenção das
estradas.

Imagine uma BR como a 232. A iniciativa privada terá
interesse em ter essa concessão porque sabe que vai ganhar muito
dinheiro. A estrada está praticamente pronta. Ou seja, não terá
muito trabalho. No entanto, isso vai onerar, e muito, o bolso do
cidadão que utiliza com frequência a 232, umas das estradas mais
importantes de Pernambuco. Além do mais, ainda tem o prejuízo
indireto, porque a cobrança de pedágio vai onerar os produtos de um
modo geral. As transportadoras vão ter que pagar pedágio e isso
será repassado para o consumidor. Com certeza, o empresariado não
ficará no prejuízo.

É lamentável a aprovação da
privatização das estradas de Pernambuco, acima de tudo porque a
população não foi consultada. Precisamos reagir e partir, mais uma
vez, para o enfrentamento, e cobrar dos parlamentares que votaram e
defendem a proposta. Eles devem uma explicação para a sociedade.

*
Sérgio Goiana é coordenador geral do Sindsep-PE (Sindicato dos
Servidores Públicos Federais de Pernambuco)