Trabalhadores reivindicam do G20 garantia de emprego para enfrentar crise

A Contraf-CUT participou na última sexta-feira, dia 16, de workshop em
Genebra, na Suíça, organizado pela CSI, UNI Finanças e TUAC (Trade Union
Advisory Committee), entidade da OCDE, com a participação do
secretariado da Financial Stability Board (FSB), órgão que atua no
âmbito do G20, criado para evitar ou atenuar o impacto de novas crises
no sistema financeiro. Essa foi a primeira vez que entidades sindicais
se reuniram com o FSB.

O workshop aconteceu após a 15ª Reunião Anual do Comitê Executivo
Mundial da UNI Sindicato Global, nos dias 13 e 14, em Nyon, também na
Suíça. A confederação brasileira é afiliada da UNI, entidade que
representa 900 sindicatos e 20 milhões de trabalhadores do setor de
serviços de todo mundo.

O G20, em reunião realizada em Cannes em 2011, aprovou uma lista de 29
grupos bancários identificados pelo FSB como instituições financeiras de
importância sistêmica global (G-SIFI). Como parte do plano de ação do
FSB, as G-SIFIs estarão submetidas a normas e regulação específicas.
Entre as ações estabelecidas para evitar a quebra das instituições e
possíveis resgates, está o desenvolvimento de planos de resolução e de
recuperação, que devem começar a ser implementados até o início de 2013.


Emprego em risco – Durante o encontro, os representantes das entidades sindicais
manifestaram preocupação em relação ao processo para determinar os
marcos dos planos. “O FSB demonstra principalmente uma preocupação com o
sistema financeiro, mas não está tomando medidas que garantam o emprego
dos trabalhadores e que sejam consultados no processo de construção dos
planos”, afirma Mario Raia, secretário de Relações Internacionais da
Contraf-CUT.

A UNI, a CSI e a TUAC construíram conjuntamente, e já tinham apresentado
aos representantes do FSB, o documento “Los derechos de los
trabajadores bajo el régimen de resolución del FSB para las
instituciones financieras ‘demasiado grandes para fracasar’, contento as
propostas dos trabalhadores para os marcos dos planos de recuperação.

Clique aqui para ler o texto na íntegra.

De acordo com o documento, tanto os planos de recuperação quanto os
planos de resolução devem incluir um capítulo específico sobre
procedimentos de consulta aos sindicatos representativos das G-SIFIS,
com o objetivo de atenuar a incidência no emprego.

“Este primeiro encontro foi positivo no sentido de ser estabelecido um
novo diálogo entre FSB e representantes dos trabalhadores. Esperamos que
esse processo tenha continuidade para pensarmos conjuntamente em
dimensão mundial as questões do trabalho e emprego”, avalia Mario Raia.
“Os bancos têm papel fundamental no desenvolvimento da sociedade e os
trabalhadores precisam ter espaço de participação neste momento crítico
da economia mundial”, ressalta.

Além de Mário Raia, que participou como observador, estiveram presentes a
presidenta e a secretária de finanças do Sindicato dos Bancários de São
Paulo, Juvandia Moreira (titular do Comitê Executivo Mundial da UNI
Finanças) e Rita Berlofa, respectivamente.


Perda de 300 mil empregos desde início da crise – Na quinta-feira, dia 15, pela manhã, a Contraf-CUT participou da reunião
do Comitê Executivo Mundial da UNI Finanças, também em Genebra. O chefe
da UNI Finanças, Marcio Monzane, apresentou dados da pesquisa “Encuesta
sobre los empleos em los bancos – perdidas de empleos y proceso de
reestructuración em el sector financeiro”, realizada em 21 países pela
UNI.

Desde o começo da crise, em 2008, a pesquisa registra a perda de 300.369
postos de trabalho. No Brasil, o estudo destaca o processo de demissões
no Itaú. O banco cortou 9.014 empregos no período de 2011 e 2012.

Houve ainda a exposição de Richard Elliot, chefe de setor de Comunicação
da UNI, que abordou o tema “bancários como agentes de mudança”. A UNI
está trabalhando em campanha para reforçar a imagem positiva dos
bancários.

Os trabalhadores debateram ainda sobre a necessidade de nova
regulamentação do sistema financeiro. As entidades filiadas apresentaram
a perspectiva regional das diferentes áreas de abrangência da UNI.

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