Após sete anos, Banco do Sul começa em março com US$ 7 bilhões

Sete anos após lançada a ideia, o Banco do Sul começa a se concretizar
no ano que vem. Segundo o secretário de Assuntos Internacionais do
Ministério da Fazenda, Carlos Cozendey, os ministros de finanças de
Argentina, Brasil, Bolívia, Equador, Paraguai, Uruguai e Venezuela vão
se reunir, em março, para definir a diretoria e os procedimentos de
abertura da conta para o aporte de recursos dos sócios.

“A instituição estará pronta para fazer o primeiro empréstimos no final
de 2013 ou, no mais tardar, no início de 2014”, afirmou ao Brasil
Econômico.

A instituição de fomento, que terá sede em Caracas, capital venezuelana,
e subsidiária em Buenos Aires, capital argentina, contará com capital
inicial de US$ 7 bilhões.

Desse total, uma parte será em dinheiro e outra em garantias repassadas
pelos sócios. Esse volume poderá chegar, ao longo do tempo, a US$ 20
bilhões, multiplicando sua capacidade para fazer frente à demanda de
financiamento da região.

Para a sua formação, os governos brasileiro, argentino e venezuelano vão
contribuir com US$ 2 bilhões cada, mas apenas US$ 400 milhões serão
integralizados. Os aportes em dinheiro serão feitos em cinco tranches
anuais de US$ 80 milhões.

O banco também poderá ir a mercado e ofertar papeis em busca de mais
recursos para sua carteira. “Por isso mesmo terá uma gestão profissional
que possa proporcionar um rating adequado”, diz.

Nos primeiros anos, explicou, como contribuição virá aos poucos, os
primeiros empréstimos deverão ser feitos de forma equitativa entre os
países-membros, com limites proporcionais à participação financeira.
Assim, o Brasil, por exemplo, poderia pegar até quatro vezes sua
participação integral, ou seja, US$ 8 bilhões.

O Banco do Sul deverá financiar projetos para o desenvolvimento de
diversas políticas regionais. Já está certo que uma parcela da carteira,
de 25%, estará restrita a projetos de integração.

Inicialmente, a exemplo do fazem hoje o Banco Mundial (Bird) e o Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID), os recursos serão destinados
aos governos, não às empresas, pela facilidade de avaliação para a
concessão do crédito.

No médio prazo, garante o secretário, a ideia é viabilizar programas de
integração produtiva na região, aí, sim, com recursos ofertados aos
empresários interessados em desenvolver projetos conjuntos, unir cadeias
de produção ou fazer joint ventures.

“Isso já vem sendo discutido no Mercosul há alguns anos, mas existe
dificuldade de avançar porque o empresário não conta com empréstimos
específicos que possam incentivá-lo”, afirmou Cozendey, lembrando que,
neste caso, o Banco do Sul poderá atuar de forma complementar combancos
de desenvolvimento nacionais, como o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES).

Hoje, por exemplo, a instituição brasileira não pode apoiar a empresa de outro país que seja a contraparte de uma brasileira.

“As necessidades de financiamento da região são muito amplas. Esse é um
instrumento a mais para financiamento de desenvolvimento produtivo. Pode
atuar junto com outras instituições repartindo riscos e tentar
encontrar nichos de atuação que não estejam sendo cobertos pelas outras
instituições.”

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