Um dos pilares da 15ª edição do Festival Recife de Teatro Nacional está
na presença massiva de espetáculos que mesclam o teor político e o
poético na programação. Seja em temas centrais, como os anos de chumbo
abordados na montagem O milagre brasileiro (PB), ou em atitudes performáticas, a exemplo da atriz Dani Barros interpretando a catadora de lixo no monólogo Estamira
(RJ). Por fora dos palcos, o tom político se ressalta até na escolha do
homenageado, Marcus Siqueira. Os ingressos custam sempre R$ 10 e R$ 5
(meia).
De 21 de novembro a 2 de dezembro, o festival contempla
12 espetáculos nacionais, seis locais, residência artística, seminários,
lançamentos de livros e sucessivas homenagens. Pela primeira vez, a
coordenação do festival foi feita de forma integrada, sem concentrar o
evento nas mãos de um nome.
A proposta da curadoria transitou entre teatro político e poético. No primeiro, os espetáculos como Orfeu mestiço – um hip-hópera brasileira, O milagre brasileiro e O Deus da fortuna
se inserem no panorama. No outro aspecto, a curadora visou produções
poéticas através de relações humanas, a exemplo do monólogo Estamira (RJ), protagonizado por Dani Barros, e do espetáculo Isso te interessa? (PR), dirigido por Marcio Abreu.
Logo na abertura, nesta quarta, dia 21 de novembro, o centenário de Luiz Gonzaga será lembrado com o espetáculo Gonzagão – A lenda,
escrito e dirigido pelo pernambucano João Falcão – que participa pela
primeira vez do festival. Das 18 produções, figuram montagens do Rio de
Janeiro, São Paulo, Paraíba, Ceará, Paraná, Bahia e França. Do total,
seis são pernambucanas: Oliver e Lili, Duas mulheres em preto e branco, Pássaro dos sonhos, A quase morte de Zé Malandro e A inconveniência de ter coragem, além de Viúva, porém honesta, de Nelson Rodrigues. “Não poderia faltar produção dele no ano do seu centenário”, frisa Lúcia.
O
evento relembra a importância do ator e diretor Marcus Siqueira,
falecido há 31 anos. Uma referência no teatro pernambucano,
principalmente pelo perfil questionador e ativista. “Ele é sempre
lembrado pela classe artística. Foi um lutador. Desbravou o teatro do
oprimido. Fazia algo mais realista”, aponta a irmã, Maria Júlia
Siqueira, que prestigiou o anúncio da programação em coletiva de
imprensa. A homenagem resultará no livro Marcus Siqueira: um teatro novo e libertador, assinado pelo dramaturgo e diretor João Denys.
PROGRAMAÇÃO DE ESPETÁCULOS:
Gonzagão – A Lenda (RJ) – Teatro de Santa Isabel – Dia: 21/11, às 19h e 21h
Julia (RJ) – Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu) – Dias: 30/11, 1 e 2/12
Viúva, porém honesta (PE) – Teatro de Santa Isabel – Dias: 24/11 e 25/11, às 21h
Estamira (RJ) – Teatro Marco Camarotti – Dias: 28/11 e 29/11, às 20h
Orfeu mestiço – Uma hip-hópera brasileira (SP) – Teatro Apolo – Dias: 26/11 e 27/11, às 19h
O deus da fortuna (PB) – Teatro Apolo – Dias: 29/11 e 30/11, às 19h
O milagre brasileiro (PB) – Teatro Apolo – Dias: 01/12 e 02/12, às 19h
A mão e a face (CE) – Teatro Hermilo Borba Filho – Dias: 23, 24 e 25/11, às 21h
Isso te interessa? (PR) – Teatro Hermilo Borba Filho – Dias: 27/11, às 19h e 21h
Olivier e Lili: Uma história de amor em 900 frases – Teatro Hermilo Borba Filho, Dias: 29 e 30/11, às 21h
Matilde, la cambiadora de cuerpos (BA) – Teatro Barreto Junior – Dias: 25 e 26/11, 19h
Duas mulheres em preto e branco (PE) – Teatro Barreto Junior – Dias: 28 e 29/11, às 19h
Cidade fim – cidade coro – cidade reverso (SP) – Espaço Fiandeiros – Dias: 29 e 30/11, 01 e 02/12, às 19h
A palavra do ator (FR) – Teatro Capiba (Casa Amarela) – Dias: 24 e 25/11, às 18h
Absurdo (RJ) – Teatro Luiz Mendonça – 22 e 23/11, às 21h