Crédito farto da Caixa já incomoda concorrentes

Camila Pitanga é um charme e, inegavelmente, contribuiu muito para
atrair clientes para a Caixa Econômica Federal nos últimos meses. Mais
do que isso, o principal fator de crescimento do banco estatal foi a
forte redução nas taxas de juros. Como a Caixa foi o banco que mais
cortou suas taxas, em até 30%, foi também o que mais expandiu sua
carteira de crédito, o que fez com que a participação do banco no volume
total de empréstimos aumentasse 70% nos últimos três anos.


Este crescimento já incomoda muito os concorrentes, especialmente alguns
bancos privados. É o caso, por exemplo, do Itaú Unibanco, que exerce
forte influência sobre a Editora Abril. Em reportagem da revista Exame
desta quinzena sobre a política de crédito do banco estatal, o título é
“Caixa de Pandora”, numa alusão mitológica à origem de todos os males.


Textualmente, a reportagem afirma o que se lê abaixo:


“O problema é que o momento não é exatamente propício para uma postura
expansionista. Os brasileiros nunca estiveram tão endividados, a
inadimplência está perto do recorde e, segundo um relatório do banco
Goldman Sachs, o crédito ao consumo já representa 16% do produto interno
bruto, o porcentual mais alto da América Latina. Ainda assim, o plano
da Caixa é continuar crescendo.”


Ocorre que, segundo a mesma reportagem, apesar da expansão no volume de
crédito, a inadimplência na Caixa mantém-se em 2% – abaixo da média dos
bancos privados. E de acordo com relatórios de várias instituições
financeiras, a economia brasileira já voltou a crescer em níveis
próximos a 4% ao ano. Além disso, o volume de crédito em relação ao PIB
no Brasil ainda é pequeno.


Portanto, a pergunta que não quer calar é: por que tanto medo do
crescimento? A reportagem de Exame reflete uma preocupação legítima ou o
temor de concorrentes, como Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles,
diante do crescimento de um banco público?

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