BB usa compensação de horas paradas durante a greve como forma de pressão

O Sindicato alerta: a
compensação das horas paradas durante a greve não pode ser usada
como forma de pressão. O Sindicato tem recebido várias denúncias
de práticas antissindicais do Banco do Brasil, que vão de encontro
ao que foi acordado na cláusula 56ª da Convenção Coletiva de
Trabalho (CCT).

“A compensação tem de ser feita com bom
senso e de acordo com a necessidade. Não pode ser usada como
instrumento de pressão e muito menos como castigo contra quem
exerceu o legítimo direito de greve. Isso acaba criando um clima
muito ruim dentro das agências e departamentos do banco”, afirma a
presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello.

O Sindicato teve
acesso a um comunicado interno do banco dirigido aos gerentes que,
além das ameaças para a compensação dos dias parados, ainda traz
várias distorções sobre o acordo assinado entre o BB e o
Sindicato.

“É necessário efetuar o planejamento da
compensação das horas no período citado, considerando o
compromisso assumido entre as partes no fechamento da negociação
coletiva, objetivando a prorrogação de duas horas, diariamente”,
diz trecho do documento interno.

Segundo Jaqueline, o acordo
não “objetiva” a compensação dos dias parados com a
prorrogação da jornada em mais duas horas por dia. “A compensação
deve ser feita com bom senso e quando há necessidade, respeitando o
limite máximo de duas horas extras por dia como prevê a legislação
trabalhista. O BB tenta confundir os bancários, misturando o acordo
com a lei dando a entender que os grevistas são obrigados a
trabalhar duas horas a mais diariamente. Isso se chama má-fé”,
diz Jaqueline.

Outro trecho do documento diz que os
“afastamentos abonados previstos para esse período (abonos,
férias, licença-prêmio) deverão ser reavaliados, de forma a ser
possível a compensação integral”.

“Isso é um absurdo”,
comenta Jaqueline. “Férias e abonos não têm de ser reavaliados.
Muitos funcionários já tinham planejado utilizar essas folgas e o
próprio banco se organizou para isso. Os gestores não podem agora
cancelá-las ao seu bel prazer, prejudicando os trabalhadores”,
afirma.

A presidenta do Sindicato reclama ainda de outro
trecho do documento do BB que diz: “Para viabilizar a compensação
do saldo das horas não trabalhadas, o administrador deverá convocar
o funcionário para realização das horas suplementares”.

“Essa
não é a função do administrador. Ele não pode agir como feitor,
punindo os grevistas”, destaca Jaqueline.

Mais denúncias
Segundo relatos de trabalhadores ao Sindicato, alguns gestores
estão ameaçando aqueles que não conseguirem realizar a
compensação. Pelo e-mail corporativo, os empregados têm recebido
mensagens dizendo que “quem não cumprir as horas, será observado
sobre o aspecto disciplinar, podendo ser penalizado”.


denúncias, também, de que os trabalhadores estão sendo
pressionados a preencher planilhas de compensação de horas de
greve. “Isto não está previsto na Convenção e no acordo aditivo
assinado pelo banco. Os funcionários não devem preencher nada e
qualquer documento desse tipo deve ser guardado para denúncia do
Sindicato e à Justiça, contra prática de assédio moral e medidas
antissindicais”, orienta Jaqueline.

Ela ressalta que os
bancários não devem aceitar pressão para compensação dos dias
parados na greve. “Estamos em contato com a direção do BB para
que ela tome uma atitude contra essa pressão. Esperamos bom senso do
banco pois, caso contrário, vamos tomar as medidas cabíveis,
inclusive na Justiça”, finaliza Jaqueline.

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