Para Contraf-CUT, queda da taxa Selic precisa contagiar juros dos bancos

A Contraf-CUT avaliou positivamente a nova redução de 0,25 ponto
percentual na taxa Selic definida em 7,25% ao ano nesta quarta-feira
(10) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.


“Essa tendência de cortes precisa contagiar os juros praticados pelos
bancos, cujas reduções alardeadas têm sido insuficientes para expandir e
baratear o crédito para pessoas físicas e jurídicas”, afirma Carlos
Cordeiro, presidente da Contraf-CUT. “Os bancos, sobretudo os privados,
continuam ganhando muito e emprestando pouco. É preciso inverter essa
lógica.”


Além disso, segundo Cordeiro, “os bancos elevaram as tarifas para compensar as diminuições cosméticas de juros”.


Levantamento do Procon-SP mostra que as taxas médias do cheque especial e
do empréstimo pessoal caíram apenas 0,01 ponto percentual em outubro. A
pesquisa, feita com Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal,
HSBC, Itaú, Safra e Santander, no dia 2 de outubro, revela que a taxa
média do empréstimo pessoal passou de 5,37% ao mês em setembro para
5,36% neste mês e o cheque especial, de 8,01% ao mês em setembro para
8,00% neste mês.


Já as taxas de juros do cartão de crédito são ainda maiores. Apesar dos
cortes divulgados por alguns bancos, a taxa média do rotativo está muito
acima de outros países da América Latina. No Peru é de 3,68% ao mês ou
55% ao ano, segundo estudo feito pela associação de consumidores
Proteste. Na Argentina, é de 3,44% ao mês e 50% anuais. Na Colômbia, é
de 2,16% ao mês e 29,23% ao ano.


Para o presidente da Contraf-CUT, falta ainda transparência aos bancos
na relação com os clientes, “que são enganados com as vendas casadas e
com a sonegação de informações sobre juros e tarifas. O Banco Central
deveria obrigar os bancos a padronizarem a nomenclatura de seus pacotes
de tarifas, de forma a facilitar a comparação dos valores, e a
publicarem extratos mensais para que os clientes saibam quanto estão
pagando de juros e de tarifas”.


Apesar das quedas sucessivas da Selic, os bancos permanecem com juros e
spreads entre os mais altos do mundo, travando o aumento da oferta de
crédito indispensável para fomentar o crescimento econômico do país,
acusa o dirigente sindical. “Com isso, os bancos emperram as iniciativas
do governo e da sociedade na perspectiva do desenvolvimento econômico e
social.”


Para a Contraf-CUT, o Brasil precisa ampliar o crescimento do PIB.
“Juros mais baixos são fundamentais para expandir o crédito, incentivar a
produção e o consumo e aquecer a economia, como forma de gerar mais
empregos, distribuir renda, combater a miséria e garantir inclusão
social. A redução dos juros é também o melhor remédio para enfrentar o
endividamento e a inadimplência.”


“As altas taxas de juros, o spread estratosférico e as tarifas
exorbitantes têm sido responsáveis por boa parte dos lucros gigantescos
dos bancos, que seriam ainda maiores se não fossem maquiados e
escondidos nos balanços por intermédio do truque do superdimensionamento
das provisões para devedores duvidosos”, salienta Cordeiro.


Os seis maiores bancos (BB, Itaú, Bradesco, Caixa, Santander e HSBC)
apresentaram lucro líquido somado de R$ 25,2 bilhões no primeiro
semestre de 2012 e provisionaram R$ 39,15 bilhões para os devedores com
atraso superior a 90 dias. O aumento desse provisionamento variou de
22,2% (Caixa) a 63,43% no HSBC, para um crescimento da inadimplência no
período de apenas 0,7 ponto percentual, segundo dados do Banco Central.

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