Tarifas bancárias para pessoa física crescem até 191% desde janeiro

Enquanto são pressionados pelo governo para reduzir as taxas de juros,
os bancos têm elevado suas tarifas. De janeiro para cá, as tarifas
máximas cobradas pelos bancos públicos e privados pelos produtos e
serviços mais comuns tiveram aumento de até 191% na pessoa física.


Desde abril, os bancos sucessivamente anunciam redução de juros em
diversas linhas de crédito. Segundo divulgado pelo Banco Central nesta
quarta-feira, o juro médio cobrado nas operações de crédito livre,
inclusive, atingiu seu menor patamar da série histórica iniciada em 2000
e ficou em 30,1% ao ano.


Questionadas, as instituições financeiras não comentam se o aumento de tarifas tem por objetivo compensar a queda de juros.

Variação – No compilado dos dados dos bancos públicos e privados, a maior variação
foi verificada no serviço de compra e venda de moeda estrangeira em
cartão pré-pago, que na média passou de R$ 18,33 para R$ 53,44 entre
janeiro e setembro deste ano, uma variação de 191%. Todas as tarifas de
operações de câmbio tiveram reajuste no período.


O fornecimento de extrato mensal também sofreu um dos maiores aumentos, de 49,5%, passando de uma média de R$ 2,48 para R$ 3,71.


Os dados das tarifas são informados pelas instituições financeiras ao
Banco Central. A comparação foi realizada entre as tarifas disponíveis
nos dias 2 de janeiro e 19 de setembro deste ano no segmento pessoa
física.

Maiores bancos – Dentro os cinco maiores bancos de varejo, o Bradesco foi o que mais
apresentou reajustes. De 45 tarifas, dez cresceram. O serviço de
pagamento de contas utilizando a função crédito em espécie passou de R$
7,9 para R$ 15, uma variação de 89,8% – a maior. Uma tarifa diminuiu no
período: anuidade do cartão básico nacional.


O Bradesco afirma que a tabela de serviços reflete os valores máximos e
não os efetivamente praticados, pois variam de acordo com o
relacionamento do cliente com o banco. “De um modo geral os preços dos
pacotes de tarifas do Bradesco estão em patamares inferiores à média de
mercado”, diz o banco em nota.


O Banco do Brasil foi o segundo que mais fez reajustes no período. De 42
tarifas, oito delas aumentaram e uma diminuiu. A tarifa cobrada nos
depósitos identificados cresceu mais e passou de R$ 2,7 para R$ 3,1, uma
variação de 14,8%. A tarifa de fornecimento de extratos passou de R$
1,6 para R$ 1,8 e ficou 12,5% maior.


O Banco do Brasil informa que manteve inalteradas as tarifas bancárias
no período de 2008 a 2011, mas que no ano passado e neste realizou dois
movimentos de correção dos preços praticados em percentuais, em média,
inferiores a índices de inflação observados no período, como o Índice de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que ficou em 5,24% no acumulado dos
últimos 12 meses terminados em agosto.


No entanto, das oito tarifas que sofreram aumento no Banco do Brasil,
conforme os dados do Banco Central, somente uma delas teve reajuste
abaixo do IPCA, no serviço de concessão de adiantamento a depositante
(aumento de 2%).


Das 43 tarifas informadas pelo Santander, duas sofreram reajuste entre
janeiro e setembro. A maior variação, de 13,3%, foi no serviço de
avaliação emergencial de crédito, que passou de R$ 15 para R$ 17. O
serviço de pagamento de contas utilizando a função crédito em espécie
também foi reajustado, em 6,6%. O banco confirma os reajustes e afirma
que as duas tarifas não eram alteradas há muito tempo.


Já no Itaú Unibanco, de 38 taxas, duas cresceram e uma caiu. O serviço
de concessão de adiantamento a depositante foi reajustado em 12,8%, de
R$ 39 para R$ 44, já a exclusão do cadastro de emitentes de cheques sem
fundo aumentou 11,6%. A taxa de cadastro para início de relacionamento
com o banco caiu de R$ 50 para R$ 30. Procurado, o Itaú Unibanco não
comentou os reajustes.


A Caixa Econômica Federal manteve suas tarifas inalteradas no período,
exceto para o serviço de fornecimento de extrato, cuja taxa caiu pela
metade, de R$ 4 para R$ 2.

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