O Banco do Brasil aumentou, do começo do ano até setembro, o valor de
sete tarifas cobradas entre produtos e serviços bancários mais usados
pelos correntistas. Em apenas um deles a taxa caiu na mesma comparação.
Os dados são do Banco Central.
Desses sete aumentos, quatro foram feitos antes de abril, quando o
governo começou a forçar as instituições financeiras a baixar os juros
das operações de crédito. Três elevações foram posteriores a abril – o
que mostra que, em parte, o ajuste das tarifas precedeu o cortes nos
juros de empréstimos.
A taxa que mais subiu no período foi a da “Exclusão do Cadastro de
Emitentes de Cheques sem Fundo”, que ganhou um incremento de R$ 3,
chegando a R$ 39,18. O BB subiu também três taxas relativas à emissão de
extratos bancários, que agora custam até R$ 2,00. Duas modalidades de
extratos foram encarecidas em R$ 0,20 e a terceira, em R$ 0,40. A taxa
cobrada em depósitos identificados subiu R$ 0,40 e ficou em R$ 3,10. Em
dois tipos de saque, a taxa subiu R$ 0,10 e passou a ser de R$ 1,70.
A única modalidade em que houve queda na tarifa foi no inusitado
“Pagamento de contas utilizando a função crédito em espécie”. A tarifa
cobrada pelo BB por esse serviço era de R$ 15,00 em janeiro e encolheu
para R$ 3,00 em setembro.
O BB vai anunciar hoje a redução das tarifas de sete produtos que foram
reajustadas no início do ano. A medida segue decisão do Ministério da
Fazenda, que tem o objetivo de forçar os bancos privados a seguir o
exemplo e fazer o mesmo. É a mesma estratégia adotada pelo governo
quando passou a pressionar os bancos a reduzir as taxas de juros das
operações de crédito. A queda começou pelo BB e pela Caixa Econômica
Federal e, apesar das queixas iniciais, os bancos privados seguiram o
mesmo caminho.
Em reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, dirigentes do BB
alegaram que o banco não corrigia suas tarifas desde 2008. A instituição
explicou que os reajustes, em alguns casos, não chegaram sequer a repor
a inflação do período. No entanto, Mantega argumentou que este não é o
melhor momento para elevar tarifas, já que o aumento destoaria do
esforço do governo para reduzir as taxas de juros ao consumidor.
Números disponíveis nas demonstrações financeiras do Banco do Brasil
indicam que as tarifas estão ajudando a impulsionar a instituição neste
ano. Se no início de 2012 a instituição projetava que as rendas de
tarifas cresceriam entre 13% e 18% neste ano, até junho o banco já
estava acima da meta, com alta de 21% na comparação com igual mês de
2011.
“As receitas com tarifas encerraram o primeiro semestre de 2012 com
montante de R$ 10,3 bilhões, desempenho 21,3% superior ao observado no
primeiro semestre de 2011. O bom desempenho desta linha foi impulsionado
pelo aumento da oferta de crédito, a reformulação da estrutura de
atendimento, a estratégia em rentabilizar a atual base de clientes do BB
e o programa BomPraTodos”, disse o banco em relatório a investidores.
As receitas provenientes das tarifas bancárias cresceram
significativamente mais que a base de clientes do Banco do Brasil, o que
mostra que são, em boa parte, fruto de reajustes.
O BB terminou junho com 57,5 milhões de clientes, o que representa
aumento de 4,2% frente a igual mês do ano passado. Se considerado apenas
o número de correntistas, a expansão foi ainda mais modesta: o total
passou de 35,6 milhões em dezembro do ano passado para 36,7 milhões seis
meses mais tarde, com alta de 3,1%.
No relatório que acompanha o balanço, o BB atribui o crescimento na
receita de tarifas ao aumento do volume de negócios da instituição. “A
expansão da oferta de crédito, a forte atuação do banco no segmento de
varejo, com foco no atendimento e rentabilização da base de clientes, e o
programa BomPraTodos favoreceram a expansão do volume de negócios,
contribuindo para o crescimento e a diversificação das receitas de
tarifas”, afirma.