O Banco do Brasil (BB)
anuncia nesta sexta-feira (28) a redução de um grupo de sete tarifas cujos
valores foram reajustados no início do ano. O corte atende a uma decisão do
Ministério da Fazenda, que pretende forçar os bancos privados, a partir do
exemplo do BB, a também diminuir suas tarifas. A medida dá início a uma nova
cruzada do governo para forçar a redução dos custos financeiros.
Em reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega,
dirigentes do BB alegaram que não corrigiam suas tarifas desde 2008. O banco
explicou que os reajustes, em alguns casos, não chegaram a repor a inflação do
período. Mantega argumentou, por sua vez, que este não é o melhor momento para
elevar tarifas. “O esforço agora é para reduzir juros para o investidor e
o consumidor”, disse ao Valor um integrante da equipe econômica. “Não
cabe aumento de tarifas”.
O governo desconfia que os bancos aumentaram suas tarifas
depois que foram obrigados a reduzir os spreads bancários. Mesmo reconhecendo
que o BB não fez isso – as tarifas foram aumentadas em janeiro, antes do início
da queda dos spreads -, o Ministério da Fazenda acredita que o movimento do BB
obrigará os bancos privados a seguir o mesmo caminho, uma vez que o banco
estatal passará a oferecer vantagens, em termos de custos, para seus clientes.
Um exemplo de tarifa reajustada pelo Banco do Brasil em
janeiro foi a dos saques em caixas eletrônicos. O preço subiu 12,5%. De 2008
até hoje, essa tarifa aumentou 21%, abaixo da inflação acumulada no período, de
31,08%, de acordo com o IPCA.
“O BB não estava cometendo um pecado capital [ao elevar
as tarifas]. Estava fazendo uma correção e praticamente usou a inflação. Mas,
mesmo assim, deixar acumular e soltar de uma vez dá reajustes de mais de 20%. O
momento não é adequado para fazer isso. Por essa razão o banco vai reverter os
aumentos”, informou um auxiliar da presidente Dilma Rousseff – foi ela
quem começou a falar publicamente sobre a necessidade de corte das tarifas.
O Ministério da Fazenda está preparando um levantamento sobre
o comportamento das tarifas nos outros bancos. O plano é obrigar as
instituições a dar maior visibilidade aos valores nas agências bancárias,
informando os clientes sobre os reajustes. Procurado pelo Valor, o Banco do
Brasil não quis se pronunciar.