O governo deu ontem um novo fôlego para os bancos públicos continuarem
expandindo a oferta de crédito, especialmente em segmentos carentes de
financiamento, como agronegócio, infraestrutura e habitação para a baixa
renda.
O Tesouro Nacional foi autorizado a injetar até R$ 21,1 bilhões no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal.
Não se trata de uma capitalização comum, em que o governo aumenta sua
participação nos bancos estatais. É um crédito com destino específico e
sem vencimento que, na prática, melhora a capacidade dos dois bancos de
fazer empréstimos.
A Caixa vai receber até R$ 13 bilhões, o que permitirá ao banco estatal
fazer até R$ 120 bilhões em novos empréstimos. Neste ano, a Caixa espera
fazer R$ 150 bilhões em financiamentos.
Parte dos R$ 13 bilhões repassados à Caixa terão destino carimbado. Até
R$ 3,8 bilhões serão utilizados no financiamento de projetos ligados a
infraestrutura, como estradas, ferrovias, portos e usinas, entre outros.
Outros R$ 3 bilhões serão emprestados para pessoas físicas com renda
familiar mensal de até R$ 1.600, que fazem parte do programa Minha Casa
Minha Vida, comprarem material de construção e de bens duráveis, como
móveis e eletrodomésticos.
Agronegócio – O Banco do Brasil receberá até R$ 8,1 bilhões que serão totalmente
destinados para o setor agropecuário financiar a safra 2012/2013.
Trata-se da próxima safra de soja, que deverá ser melhor do que a
anterior devido à seca, e que terá preços mais favoráveis.
O banco tem folga maior do que a Caixa para emprestar, mas poderia ter
restrições a partir de 2013 quando precisaria de uma nova rodada de
capitalização.
Além de não ter um prazo de vencimento, o dinheiro emprestado pela União
à Caixa e ao BB tem condições melhores do que as de mercado.
No caso da Caixa, dos R$ 13 bilhões injetados, apenas R$ 6,2 bilhões
serão pagos à União corrigidos pelo custo de captação do Tesouro
-próximo da Selic, hoje em 7,5%. Os demais R$ 6,8 bilhões terão juros
subsidiados com correção compatível com a TJLP (Taxa de Juros de Longo
Prazo), de 5,5%.
A mesma coisa acontece para o empréstimo ao BB, que será pago com taxa compatível com a TJLP.
Como o empréstimo será pago com taxa menor do que a captada, o prejuízo será bancado pelo Tesouro.