Bancos usam truculência para tentar atrapalhar a greve

Bastou
uma semana de greve para os bancos mostrarem sua verdadeira face em
Pernambuco. Em vez de retomar as negociações com os bancários para
tentar construir um acordo, as instituições financeiras preferem
apelar para a truculência e a irresponsabilidade.

Nesta
segunda-feira, dia 24, uma confusão tomou conta do Bradesco Olinda,
na Avenida Getúlio Vargas, em Bairro Novo, por causa da
irresponsabilidade do gerente. Além de pressionar e ameaçar seus
funcionários para voltar ao trabalho, o gestor ainda mandou retirar
a porta lateral da agência, alegando que a unidade “abriria de
qualquer jeito”, mesmo expondo todos à insegurança.

“Este
fato é emblemático no descaso dos bancos com seus funcionários e
com a população”, diz a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello.
Segundo ela, a agência do Bradesco Olinda estava parada desde o
início da greve. “Mas nesta segunda, logo cedo, o gerente convocou
os funcionários para irem trabalhar usando de ameaças e pressão.
Por volta das 9h, ele cometeu o absurdo de mandar uma pessoa arrancar
a porta lateral da agência, que fica junto da porta giratória que
tem detector de metais. Com a porta aberta, os clientes começaram a
entrar e os funcionários se viram obrigados a atendê-los”, relata
Jaqueline.

O Bradesco, que lidera as estatísticas de assaltos
a bancos em Pernambuco, acabou expondo seus clientes e funcionários.
“Qualquer um poderia entrar armado na agência, que ficou sem porta
de segurança até o meio dia. O Sindicato teve de brigar muito e
pressionar o gerente para que a porta fosse recolocada. Durante todo
o período da manhã a agência ficou com a segurança comprometida”,
conta Jaqueline, lembrando que nesta unidade, que não tem biombo
entre os caixas, já houve seis crimes de saidinha de banco nos
últimos dois meses. “A própria polícia diz que os biombos evitam
este tipo de crime”, completa Jaqueline.

A Secretaria de
Assuntos Jurídicos do Sindicato está estudando as medidas cabíveis
que tomará contra o Bradesco por conta desta atitude irresponsável
do gerente. E, nesta terça-feira, dia 25, o Sindicato realizará um
protesto em frente à agência para denunciar à população a falta
de respeito do banco com a vida dos bancários e clientes.

Mais
truculência –
Os bancos também
já começaram a usar a Justiça para tentar atrapalhar a legítima
greve dos bancários. Os quatro maiores bancos privados do país já
ingressaram com os chamados interditos proibitórios e estão
utilizando este instrumento jurídico para ameaçar os
grevistas.

Até agora, já apelaram para a Justiça o
Bradesco, Itaú, Santander e HSBC. Com exceção do banco espanhol,
todos os demais conseguiram liminares que proíbem o Sindicato de
realizar piquetes nas agências. “No ano passado, recebemos vários
interditos que proibiam o Sindicato de se aproximar das agências,
mesmo que fosse para se reunir com os bancários. Este ano, as
liminares falam que o Sindicato não pode impedir a entrada de
pessoas nas unidades, coisa que o Sindicato não faz. Isso quer dizer
que na prática os interditos não fazem a menor diferença. Mas os
bancos usam esse instrumento para confundir e ameaçar os bancários,
desrespeitando a Lei de Greve”, explica Jaqueline. O parágrafo 2º
do artigo 6º da Lei diz que “é vedado às empresas adotar meios
para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho”.

O
interdito proibitório é um
instrumento jurídico previsto no Código Civil e serve para retomar
a posse de uma propriedade ocupada. “Os bancos estão usando o
interdito proibitório de forma deturpada. Este instrumento é para
ser utilizado em disputas de terra, não numa greve legítima dos
trabalhadores. O Bradesco, por exemplo, está percorrendo as agências
com oficiais de justiça e advogados do banco para distribuir
ameaças contra os grevistas. A greve é um direito legítimo e a
paralisação dos bancários está cumprindo a legislação à
risca”, destaca Jaqueline, alertando aos bancários para não se
deixarem intimidar. “Nossa greve é forte e só há um meio de os
bancos acabarem com o movimento: retomando as negociações e
apresentando uma proposta decente que atenda nossas reivindicações”,
finaliza a presidenta do Sindicato.


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