Greve dos bancários em Pernambuco já é uma das maiores da história

A greve dos bancários
não para de crescer em Pernambuco. O movimento, que começou na
terça, dia 18, com a adesão de 60% dos trabalhadores, encerrou esta
quinta-feira, dia 20, com cerca de 80% dos bancários pernambucanos
de braços cruzados. A paralisação no estado já é maior que a do
ano passado e deve se consolidar como uma das maiores greves
encampadas pelos bancários nas últimas décadas.

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Segundo a
presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, no terceiro dia de greve em
Pernambuco os bancários fecharam 416 agências e todos os prédios
administrativos dos bancos públicos. “A greve está muito forte.
Nos bancos públicos são cerca 95% dos agências fechadas e mais 136
dos bancos privados. Temos 60% de paralisação na rede privada, que
é um grande número, tendo em vista que a pressão dos gestores e
diretores nesses bancos é muito maior”, afirma.

Jaqueline
explica que os bancários da rede privada entraram em peso na greve
nesta quinta-feira, principalmente nos bairros de Casa Amarela, Casa
Forte, Caxangá e Benfica, no Recife. “Em todos esses locais os
bancos privados estavam funcionando nos dois primeiros dias de greve.
Nesta quinta, fomos conversar com os bancários e convencemos os
trabalhadores desses bairros a aderirem ao movimento. Em todas as
agências que passamos, os bancários decidiram parar”, conta
Jaqueline.

Para o diretor do Sindicato, Flávio Coelho, a
forte adesão à greve dos bancários de Casa Amarela, Casa Forte,
Caxangá e Benfica se deve ao diálogo que o Sindicato teve com estes
trabalhadores nesta quinta-feira. “Conseguimos fortalecer a greve
com a adesão desses bancários na base da conversa. Procuramos
mostrar a importância de todos fortalecerem a mobilização”, diz
Flávio.

De acordo com diretor do Sindicato, Fábio Régis, o
Sindicato fez diversas reuniões, onde os bancários puderam apontar
os problemas que enfrentam no seu dia-a-dia. “Hoje, os bancários
sofrem com as condições de trabalho e sua qualidade de vida fica
prejudicada. O estresse para bater meta, o assédio moral, a
insegurança. Ao final, os bancários entenderam que o movimento é
importante e fecharam 13 das 14 agências da Caxangá e Benfica”,
explica Fábio Régis.

Além do Recife, a greve segue forte na
região metropolitana da capital, com destaque para Olinda, Paulista,
Igarassu, Abreu e Lima, Jaboatão, Cabo, Moreno, Camaragibe e São
Lourenço da Mata.

No interior – A greve dos
bancários também cresceu no interior do estado. Os destaques desta
quinta-feira ficaram por conta de Arcoverde, Salgueiro, Gravatá e
Vitória de Santo Antão, cidades em que a paralisação é nas
agências é total.

Para Jaqueline, os bancários do interior
estão dando uma lição de mobilização e luta. “Antes da greve
começar o Sindicato enviou duas caravanas de diretores para o
interior com o objetivo de levar todas as informações da Campanha
Nacional e ampliar a mobilização dos bancários. Esta viagem foi
muito positiva e hoje temos uma grande greve no interior do estado,
graças à conscientização dos bancários”, diz Jaqueline.

Apoio
dos clientes –
Os clientes dos bancos continuam manifestando
seu apoio à greve dos bancários. Nesta quinta-feira, o comerciante
Almir de Lima, cliente do HSBC Caxangá, foi ao banco e encontrou sua
unidade fechada. Mesmo assim, não deixou de apoiar a
paralisação.

“Toda greve tem um lado bom e um ruim. O lado
ruim é que eu preciso demais usufruir do banco e não posso entrar
para pegar talão de cheque, fazer os pagamentos da minha loja. Mas
eu entendo o lado dos bancários. Os funcionários dos bancos não
ganham salários justos. E os banqueiros e o governo não deveriam
deixar a situação chegar a esse ponto, de obrigar os bancários a
parar. Os bancos poderia evitar esta greve, se negociassem com
seriedade”, disse Almir.

Organização – O Comando
Nacional dos Bancários vai se reunir nesta sexta-feira, dia 21, na
sede da Contraf-CUT, em São Paulo, a partir das 14h, para fazer uma
avaliação da greve da categoria e discutir estratégias para
fortalecer o movimento em todo o país caso a Fenaban mantenha a
postura intransigente em relação às reivindicações por 5% de
aumento real, valorização do piso salarial, PLR maior, mais
empregos e fim da rotatividade, melhores condições de saúde e
trabalho, mais segurança nas agências e igualdade de
oportunidades.

“A cada dia de silêncio da Fenaban a greve
será maior do que no dia anterior. A paralisação vem crescendo em
todo o país e já está mais forte que nas campanhas passadas”,
afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e e coordenador do
Comando Nacional.

Na terça-feira 18, primeiro da greve, os
bancários fecharam 5.132 agências e centros administrativos de
bancos privados e públicos em todo o país. No segundo dia, a
paralisação atingiu 7.324 unidades. E nesta quinta-feira 20 o
movimento cresceu e já atingiu 8.527 agências e centros
administrativos.

“E vamos continuar fortalecendo essa greve,
que já é histórica”, afirma Jaqueline, que viaja nesta madrugada
a São Paulo para participar da reunião do Comando Nacional dos
Bancários.

Assembleia – O Sindicato realiza nova
assembleia com os bancários para discutir o andamento da greve na
próxima segunda-feira, dia 24, às 18h, na sede da entidade (Av.
Manoel Borba, 564, Boa Vista, Recife).


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