Qual o perfil do tomador de crédito após o corte de juros?
No Banco do Brasil, aproximadamente 60% dos créditos nas linhas que
tiveram forte redução de juros (de 30% em média) foram para clientes que
nunca haviam feito financiamento no banco, segundo Alexandre Abreu,
vice-presidente de negócios de varejo do BB.
De abril para cá, houve queda de 37% nos juros do financiamento de
veículos do banco, de 25% no crédito pessoal (CDC, crédito direto ao
consumidor, e consignado), e de cerca de 20% no financiamento
imobiliário.
“Antes, muitas pessoas não tomavam crédito porque o juro era alto. E os que tomavam, tinham risco maior.”
Com a taxa menor, mais clientes entraram na faixa que permite maior comprometimento de renda.
“À medida que ingressam pessoas que não tomavam crédito, que eram mais
conservadoras, cai o risco da carteira. Reduziram-se os juros e o atraso
nos pagamentos.”
A inadimplência caiu de 2,5% em abril para 1,15% hoje. Antes da redução
de juros, em abril, o banco liberava R$ 11 milhões de crédito por dia.
Atualmente, são R$ 66 milhões, de acordo com Abreu.
O financiamento de veículos é a linha de crédito que mais cresceu, impulsionada pela redução do IPI.
Octavio de Lazari, diretor-executivo do Bradesco, também observa mudança
no perfil dos clientes de crédito do banco, mas atribui menor
influência à queda dos juros.
“Nos últimos cinco anos empréstimos foram aumentando no banco e no
sistema financeiro. Houve crescimento da mobilidade social e da
bancarização”, afirma.
Lazari, porém, registra novos clientes de crédito nos últimos 12 meses.
“Cerca de 12% são clientes estreantes que não tomaram crédito no passado”, diz.
“Dentre os novos clientes de financiamento de veículos, mais de 22% não haviam feito empréstimos antes.”
Procurado, o Itaú Unibanco afirmou considerar cedo para fazer considerações acerca de mudanças na demanda por crédito.