Para Contraf-CUT, redução da Selic precisa refletir nos juros dos bancos

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro
(Contraf-CUT) considera mais um passo positivo a nova redução de 0,5
ponto percentual na taxa Selic definida nesta quarta-feira 29 pelo
Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, mas avalia que
essa tendência consistente de queda nos últimos meses precisa ser
acompanhada por drástico corte dos juros praticados pelos bancos no
crédito a pessoas físicas e jurídicas.


“Enquanto a Selic chega a 7,5% ao ano, o menor patamar da história
econômica do país, aproximando-se dos níveis internacionais, os bancos
continuam usando truques contábeis para manter os juros e spreads
ostensivamente os mais altos do planeta, inviabilizando o aumento da
oferta de crédito indispensável para a sustentação do crescimento
econômico. Com essa política, os bancos estão boicotando os esforços do
governo e da sociedade brasileira por desenvolvimento econômico e
social”, acusa Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.


Para a Contraf-CUT, o Brasil precisa crescer a taxas maiores do que está
crescendo. E o crédito é fundamental para isso. Os juros mais baixos
são essenciais para ampliar o crédito, incentivar a produção e o consumo
e levantar as projeções do PIB, como forma de gerar mais empregos,
distribuir renda, combater a miséria e garantir inclusão social. A
redução dos juros é também o melhor remédio para enfrentar o
endividamento e a inadimplência e proteger a economia.


O spread estratosférico tem sido responsável por boa parte dos lucros
dos bancos, que estão sendo maquiados e escondidos nos balanços por
intermédio do truque do superdimensionamento das provisões para
devedores duvidosos.


Os seis maiores bancos (BB, Itaú, Bradesco, Caixa, Santander e HSBC)
apresentaram lucro líquido somado de R$ 25,2 bilhões no primeiro
semestre de 2012 e provisionaram R$ 39,15 bilhões para os devedores com
atraso superior a 90 dias. O aumento desse provisionamento variou de
22,2% (Caixa) a 63,43% no HSBC, para um crescimento da inadimplência no
período de apenas 0,7 ponto percentual, segundo o Banco Central.

Conferência Nacional do Sistema Financeiro – Por tudo isso, a Contraf-CUT considera urgente a sociedade brasileira
discutir o papel dos bancos na economia e defende a realização de uma
Conferência Nacional do Sistema Financeiro, nos moldes de outros
conferências setoriais realizadas pelo governo federal nos últimos anos.


“É preciso discutir com a sociedade o papel das instituições
financeiras, que são concessões públicas e devem estar alinhadas com o
desenvolvimento econômico e social do país. O que fazem hoje é
exatamente o inverso do que a sociedade espera”, critica o presidente da
Contraf-CUT.


Para Carlos Cordeiro, além das metas de inflação, o BC deveria fixar
também metas sociais, como o aumento do emprego e da renda dos
trabalhadores e a redução das desigualdades sociais do país. “As altas
taxas de juros retiram dinheiro das políticas públicas que combatem as
desigualdades, o que contribui para que o Brasil continue entre os dez
países com pior distribuição de renda do mundo.”

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