Bancos prometem apresentar proposta para as reivindicações dos bancários na 3ª


Depois de cinco
reuniões de negociação, os bancos se comprometeram a apresentar
uma “proposta global” para todas as reivindicações dos
funcionários na próxima terça-feira, 28 de agosto, Dia Nacional do
Bancário. Em reunião realizada nesta quarta-feira, dia 22, os
representantes da Fenaban disseram ainda que a proposta será “um
presente para o Dia do Bancário”.

Segundo a presidenta do
Sindicato, Jaqueline Mello, o presente pode ser bom ou ruim,
dependendo do nível de mobilização dos trabalhadores. “Passamos
o mês de agosto inteiro discutindo todas as nossas reivindicações
com os bancos. Agora é a hora da decisão. Esperamos uma
contraproposta da Fenaban que atenda nossas demandas. Para isso, o
Sindicato está intensificando a mobilização dos bancários, pois
sabemos que só com pressão vamos garantir um bom acordo”, diz
Jaqueline.

>> Sindicato agita
as agências da Casa Forte

A secretária de
Finanças do Sindicato, Suzineide Rodrigues, que representou os
bancários de Pernambuco nas duas reuniões com a Fenaban realizadas
esta semana, diz que até agora as negociações não trouxeram
grandes avanços.

“A maioria das categorias que já
encerram sua campanha salarial conseguiram acordos melhores que no
ano passado. Além disso, os executivos dos bancos tiveram um aumento
de quase 15%. Esperamos que as instituições financeiras também
fechem um bom acordo com a gente, já que a lucratividade só cresce.
Se considerarmos apenas os cinco maiores bancos, o lucro atingido no
primeiro semestre deste ano foi superior a R$ 25 bilhões. Ou seja,
os bancos têm todas as condições de atender nossas reivindicações
e valorizar quem ajuda, de verdade, a construir esta lucratividade
fantástica”, afirma Suzineide.

As negociações desta
quarta –
O Comando Nacional dos Bancários insistiu que os bancos
estão em condições favoráveis para conceder a reposição da
inflação mais 5% de aumento real nos salários. Os bancos
responderam que a situação do sistema financeiro “não é tão
confortável” como no ano passado.

“Nós dissemos que os
balanços deste ano são ainda melhores que no ano passado, mesmo com
o superdimensionamento das provisões, e que categorias de
trabalhadores de setores menos rentáveis que o financeiro
conquistando aumentos reais de salário maiores que em 2011”,
destacou o presidente da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos
Trabalhadores do Ramo Financeiro), Carlos Cordeiro, que coordena o
Comando Nacional dos Bancário.

Os dirigentes sindicais
reafirmaram que o piso salarial dos bancários brasileiros é um dos
mais baixos da América do Sul, o que é uma contradição com os
bônus milionários dos altos executivos e os lucros dos bancos –
entre os mais altos do planeta.

O Comando defendeu ainda a
nova fórmula de distribuição da PLR (Participação nos Lucros e
Resultados), em razão das mudanças de critérios frequentes que os
bancos fazem nos balanços, e que este ano se somam ao
superdimensionamento das provisões para devedores duvidosos. Os
bancos reconheceram que a atual fórmula é complexa e “diabólica”
e que um modelo simples seria melhor, mas salientaram que não
pretendem mudar neste momento as atuais regras da PLR.

Os
representantes dos bancários também explicaram tecnicamente a
proposta de Plano de Cargos e Salários (PCS), que respeita a
política interna de cada empresa, mas estabelece regras claras e
transparentes de ascensão profissional e que prevê, entre outras
coisas, reajuste anual de 1% em todas as verbas salariais e mais 2% a
partir do quinto ano de contratação ou da promoção. A Fenaban
respondeu que todos os bancos têm gestão de carreira e competências
e que isso faz parte da política interna de cada instituição, não
sendo tema para inclusão na Convenção Coletiva da
categoria.

“Esgotamos as discussões sobre a pauta de
reivindicações com um debate bastante apurado sobre dezoito itens
que tratam de remuneração. Agora, esperamos uma proposta decente na
terça-feira, que atenda nossas reivindicações. Caso contrário,
vamos aumentar ainda mais a mobilização dos bancários e começar a
organizar uma possível greve”, diz Suzineide.

Igualdade
de oportunidades –
Um dos temas mais debatidos nas negociações
desta semana foi a igualdade de oportunidades nos bancos. Para
Suzineide, uma das pioneiras nesta luta, as discussões com a Fenaban
foram decepcionantes. “Não houve qualquer avanço. Infelizmente,
os bancos querem perpetuar sua política discriminatória, que
prejudica a carreira das mulheres, negros e portadores de
deficiência”, afirma Suzi.

Segundo ela, a diferença
salarial entre homens e mulheres que trabalham nos bancos é grande e
vem crescendo ao longo das últimas décadas. Em 1994, de acordo com
dados do Ministério do Trabalho, as mulheres bancárias tinham
remuneração média 21% inferior à dos homens. Os últimos dados
disponíveis de 2010 revelam que a diferença aumentou para 24%.

“A
média salarial dos homens que trabalham nos bancos é de R$ 5.022 e
das mulheres de R$ 3.811. Isso é inaceitável e, sem avanços nas
negociações, acabamos envolvendo até o governo federal neste
debate (leia mais
aqui)”, diz
Suzi.

Essa diferença salarial e de
oportunidades aparece também nos Relatórios de Sustentabilidade dos
bancos. No Itaú, em 2011, as mulheres representavam 58% do quadro de
funcionários, mas somente 9% dos cargos de diretoria. No Bradesco,
nos cargos de gerência, por exemplo, o salário das mulheres
representa 87% do valor recebido pelos homens. Nos cargos
administrativos, correspondem a apenas 78% do salário dos
homens.

Além da discriminação contra mulheres, o setor
financeiro também não proporciona igualdade de oportunidade à
população negra. No Santander, por exemplo, os cargos altos são
ocupados quase que exclusivamente por pessoas brancas (97%). Negros e
pardos representam apenas 0,5% cada. No Itaú, os negros estão em
apenas 6% dos cargos de gerência e não há nenhum negro na
diretoria do banco.

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