Governo volta a pressionar bancos a cortar juros e ampliar crédito

Os bancos reduziram pouco os juros cobrados do tomador final, mesmo
depois que o governo os pressionou para que fizessem o repasse da queda
da taxa Selic para o custo final do dinheiro. Cortaram modestamente o
spread e fizeram um pequeno movimento de aumento da oferta de crédito.


Ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chamou os dirigentes dos
maiores bancos públicos e privados para dizer que eles não fizeram o
bastante. “Houve uma melhora, mas não a contento”, disse uma fonte da
Fazenda.


Estavam presentes à reunião o presidente do Banco Central, Alexandre
Tombini, e os presidentes do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, e da
Caixa, Jorge Hereda. Do setor privado, participaram do encontro Júlio
Araújo, vice-presidente do Bradesco; Roberto Setubal, presidente do Itaú
Unibanco; Marcial Portela, presidente do Santander; Silvio Aparecido de
Carvalho, vice-presidente do Safra; Hélio Lima Magalhães, presidente do
Citibank; André Brandão, presidente do HSBC; e Pérsio Arida,
vice-presidente do BTG.


A direção da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) não foi convidada
a comparecer, depois dos desentendimentos com o governo durante o
primeiro “round” da ofensiva do governo sobre os juros bancários, em
março e abril.


Mantega deixou claro tanto para os bancos públicos quanto para os
privados que o governo vê espaço para movimentos mais ousados de aumento
da oferta de crédito e de diminuição dos spreads – “o spread no Brasil
continua fora do lugar”, alegam fontes da Fazenda.


A expansão do estoque de crédito, da ordem de 18% em doze meses, é
influenciada pelo aumento de financiamentos imobiliários. Os empréstimos
para consumo continuam fracos, avaliam essas fontes.


A inadimplência está em queda e não pode ser mais uma justificativa para
a timidez do sistema bancário. Para o ministro, eles precisam cortar
mais os juros e ser mais proativos na concessão de crédito para que a
recuperação da economia seja mais rápida.


Só num ambiente de crescimento econômico e taxa Selic baixa é que a
bolsa de valores vai reagir e as instituições financeiras vão recuperar
as perdas de valor no mercado de capitais.


Todos os presentes concordaram com a avaliação de que a economia começou
a reagir no segundo semestre e que estará com crescimento mais forte no
último trimestre deste ano.


Encerrado o encontro, os dirigentes das instituições privadas deixaram o prédio da Fazenda sem falar com os jornalistas.


Os presidentes do BB e da Caixa comentaram apenas que esperam, de fato,
um segundo semestre melhor do que o primeiro. “Estamos com expectativa
bastante positiva”, disse Bendine.


Especificamente aos bancos públicos, que lideraram o processo de cortes
de juros no início do ano, Mantega pediu mais empenho. Para o ministro,
nem mesmo eles fizeram todo o movimento que poderiam ter feito.

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