
Começaram mal as
negociações com os bancos da Campanha Nacional dos Bancários 2012.
Na primeira reunião, realizada nesta terça-feira, dia 7, em São
Paulo, a Fenaban negou todas as reivindicações sobre emprego, como
a contratação de mais funcionários, respeito à jornada de 6 horas
e fim da rotatividade e da terceirização. A Fenaban chegou a
admitir que alguns bancos “estão fazendo ajustes” no seu quadro
de pessoal, mas disse que os bancários não estão preocupados com o
emprego e que a redução da média salarial via rotatividade é uma
coisa normal.
Segundo a secretária de Finanças do Sindicato,
Suzineide Rodrigues, que representou os bancários de Pernambuco na
primeira rodada de negociações, os bancos não mostraram a mínima
vontade para ampliar os empregos e ainda tentaram descaracterizar a
veracidade dos dados apresentados pelos sindicatos. “Para a Fenaban
não existe nenhuma redução de empregos e os bancários não estão
preocupados com este debate. O Comando Nacional dos Bancários teve
uma atuação excelente na reunião e por várias vezes colocou os
banqueiros na defensiva. Mas não houve qualquer avanço neste
primeiro encontro”, afirma Suzineide.
A rodada de negociação
continua nesta quarta-feira, dia 8, às 9h, com a discussão das
reivindicações sobre saúde e condições de trabalho.
Menos
empregos – O presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando
Nacional, Carlos Cordeiro, abriu as negociações apresentando os
dados da 14ª Pesquisa do Emprego Bancário divulgada na
segunda-feira, dia 6, pela Confederação e pelo Dieese. Segundo o
levantamento, os bancos geraram apenas 2.350 novos empregos no
primeiro semestre de 2012, o que representa um recuo de 80,40% em
comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram
criadas 11.978 vagas. Sem a Caixa, que abriu 3.492 postos de
trabalho, o saldo seria negativo em 1.209 empregos. A pesquisa
reafirma também que os bancos usam a rotatividade para reduzir a
massa salarial e que discriminam as mulheres, que entram e saem das
empresas ganhando menos que os homens.
“A rotatividade é
como a jabuticaba, é um fenômeno que só existe no Brasil. E é
mais grave no sistema financeiro. Enquanto na economia como um todo a
diferença da média salarial de quem entra e quem sai é de 7%, nos
bancos a diferença é de 35,40%. Isso explica por que o salário
médio dos bancários cresceu apenas 3,4% entre 2004 e 2011, quando o
aumento real foi de 13,92% e o piso subiu 31,67%”, afirmou
Carlos Cordeiro. “Por isso, queremos garantia de emprego e a
ratificação da Convenção 158 da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), que proíbe demissões imotivadas”.
Os
representantes da Fenaban chegaram a refutar o dado do Cadastro Geral
de Emprego e Desemprego (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego,
elaborado a partir de informações passadas pelas próprias
empresas, de que os empregos gerados pelo sistema financeiro no
primeiro semestre representam apenas 0,22% dos 1.047.914 de empregos
gerados em todos os setores da economia. Segundo os negociadores da
Fenaban, a maioria dessas novas vagas é apenas a formalização de
empregos sem carteira.
O Comando Nacional também propôs na
mesa de negociação a isenção de tarifas e juros menores para os
bancários, que arcam muitas vezes com as taxas maiores de crédito
consignado que os clientes. Muitos funcionários estão pagando até
13% ao mês no cartão de crédito. A Fenaban respondeu que isso faz
parte da política interna de cada banco, que não há um padrão e,
portanto, não deve fazer parte da negociação coletiva.
Os
dirigentes sindicais reivindicaram ainda o abono-assiduidade, que é
o direito a cinco folgas abonadas por ano como forma de compensar os
dias trabalhados sem remuneração (o ano tem 365 dias, mas os
trabalhadores só recebem por 360 dias). Embora vários bancos já
concedam esse abono, a Fenaban se recusou a discutir a
questão.
Jornada e atendimento – O Comando
Nacional defendeu a reivindicação dos bancários de que os bancos
devem respeitar a jornada de seis horas, instituída na década de
1930, quando havia muito adoecimento na categoria. A Fenaban se
recusou a discutir o assunto.
Os representantes dos bancários
defenderam ainda o controle do tempo de espera nas filas e a
ampliação do horário de atendimento, das 9h às 17h, com dois
turnos de trabalho, o que é importante para atender melhor os
clientes e gerar empregos. A Fenaban se recusou a incluir o horário
de atendimento na convenção coletiva, assim como o controle das
filas, por considerar que esse não é assunto trabalhista.