Entrada da Venezuela torna Mercosul a quinta maior economia do mundo


No exercício da presidência pro tempore do Mercosul até dezembro deste
ano, coube ao Brasil coordenar a cúpula extraordinária do bloco, nesta
terça-feira (31), que celebrou a entrada de seu quinto membro, a
Venezuela. “Estamos conscientes que o Mercosul inicia uma nova etapa”,
disse Dilma Rousseff.

A presidenta afirmou que a entrada
venezuelana tem significado histórico por marcar a primeira ampliação do
bloco desde a sua criação em 1991, por estendê-lo da Patagônia até o
Caribe e por incrementar a economia do Mercosul. “Considerando os 4
países mais ricos do mundo, EUA, China, Alemanha e Japão, o Mercosul
somado é a 5° força”, destacou.

De acordo com dados do Itamaraty,
entre 2001 e 2010, o comércio da Venezuela com os países do Mercosul
aumentou mais de 7 vezes, passando de cerca de US$ 1 bilhão para US$ 7,5
bilhões. Com a entrada do país caribenho, o Mercosul representatá 70%
da população da América do Sul (270 milhões de habitantes), 83,2% de seu
PIB (US$ 3,3 trilhões) e 72% de seu território (12,7 milhões de km²).

Para
o presidente venezuelano, Hugo Chávez, a entrada de seu país no
Mercosul o fazia recordar a primeira eleição de Lula à presidência do
Brasil, pois ambos episódios “aceleraram a história” e marcaram um novo
período de integração entre os países do continente. Em sua chegada a
Brasília, inclusive, Chávez, havia afirmado que gostaria de ver o
Mercosul englobando mais países, como Equador e Bolívia.

Do
ponto de vista econômico, Chavéz disse que a entrada da Venezuela no
Mercosul significa “a maior oportunidade histórica que em 2o0 anos
apareceu no horizonte”, sobretudo para ajudá-los em um de seus grandes
objetivos: diversificar o modelo econômico extremamente dependente do
petróleo e “imposto durante todo o século XX”. “Não houve um só governo
que tivesse pretendido de alguma maneira desenvolver um projeto
nacional, independente, que não fosse derrubado. Todos foram, incluindo o
nosso, só que por três dias, graças a resposta popular e das Forças
Armadas”, sustentou.

Em um discurso profundo, o presidente do
Uruguai, José Mujica, recordou a mentalidade colonial que orientou a
política externa dos países da América do Sul durante séculos e a dívida
social dela advinda. “Esse é o preço que pagamos ao longo de nossa
história porque vivemos muito tempo olhando para o resto rico e sem
olharmos entre nós”. Mas, chamou atenção para o momento especial vivido
na região. ”Existe vontade política de integração, como nunca teve
globalmente a América do Sul. Eu repito: como nunca teve! (…) E temos
que ser conscientes: agora ou nunca!”, orientou.

Exemplificando
a fala de Mujica, a presidenta argentina, Cristina Kirchner, recordou
que em seu país um chanceler dizia “para que ser sócio dos pobres
podendo ser sócio dos ricos?”. Para evitar retrocessos e para
proteger-se da crise economia internacional, Cristina apontou como
tarefa urgentea criação de instrumentos e instituições “que tornem
indestrutíveis e indivisíveis esse novo pólo de poder” configurado no
Mercosul.

Paraguai – Durante seu discurso na Cúpula,
Dilma ratificou que a suspensão do Paraguai se deu exclusivamente pelo
“compromisso inequívoco com a democracia” e que as possibilidades de
retaliações econômicas que possam causar prejuízo ao povo paraguaio
estão afastadas. A presidenta disse ainda que espera que o país
normalize sua situação institucional interna para assim reaver seus
direitos plenos.

Acordos – Ainda nessa terça-feira (31),
alguns acordos bilaterais e negócios foram firmados. Entre eles está a
venda de seis jatos modelo 190, por US$ 270 milhões, pela Empresa
Brasileira de Aeronáutica (Embraer) para o Consórcio Venezuelano de
Indústrias Aeronáuticas (Conviasa). O contrato prevê ainda a opção de
compra pela estatal venezuelana de mais 14 aeronaves, chegando a um
preço total de US$ 900 milhões.

Já a Argentina assinou com a
Venezuela um compromisso de aliança estratégica entre as petrolíferas
YPF e PDVSA. Sem maiores detalhes, Chávez afirmou que o acordo permitirá
a YPF explorar as jazidas venezuelanas da Faixa do Orinoco e permitir
que a PDVSA continue com sua presença na Argentina.

Expediente:
Presidente: Fabiano Moura • Secretária de Comunicação: Sandra Trajano  Jornalista ResponsávelBeatriz Albuquerque • Redação: Beatriz Albuquerque e Brunno Porto • Produção de audiovisual: Kevin Miguel •  Designer Bruno Lombardi