O Brasil celebrou nessa sexta-feira (27), pelo 40º ano consecutivo, o Dia
Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho. “Infelizmente ainda
temos que estabelecer datas como essa para denunciar as altas
ocorrências de acidentes e adoecimentos do trabalhador. As mortes
inclusive continuam aumentando. Em 2010 foram registradas 2.712 e em
2011 o número subiu para 2.796”, afirma o secretário de Saúde do
Trabalhador da Contraf-CUT, Walcir Previtale.
Para começar a mudar este quadro, Walcir aponta dois pontos
fundamentais. “Precisamos que os bancos tenham programa de prevenção
contra doenças e acidentes do trabalho. Além disso, é necessário que
haja fiscalização no ambiente de trabalho e, para isso, o Ministério do
Trabalho e Emprego deve ter um corpo maior de auditores fiscais”,
avalia.
“Hoje existem 3.028 auditores fiscais do trabalho, incluindo aqueles que
exercem atividades internas e não fazem fiscalização nos locais de
trabalho, para um universo de mais de 7 milhões de empresas. A relação é
muito desproporcional”, destaca o diretor da Contraf-CUT.
Os bancários foram e continuam sendo atingidos pelas novas formas de
gestão do trabalho, pela reestruturação produtiva – com a introdução de
novas tecnologias e a terceirização, com a intensificação do trabalho,
exigindo do bancário um ritmo de trabalho intenso, com inúmeras tarefas e
responsabilidades para cumprir.
“Falhas” na Medicina do Trabalho – O serviço de medicina do trabalho praticado pelos bancos é carregado de
conservadorismo, tem postura burocrática e cartorial, não caminha no
sentido da prevenção de acidentes e doenças e está extremamente
subordinado aos interesses exclusivos das empresas.
“Os exames periódicos, previstos na Norma Regulamentadora nº 7, não são
realizados com a finalidade de combater os riscos no ambiente de
trabalho e preservar a saúde dos bancários. Os exames acabam servindo de
mecanismo para mapear os trabalhadores adoecidos para depois mandá-los
embora”, denuncia.
O dirigente sindical lembra que a saúde do trabalhador será um dos
principais eixos da Campanha Nacional 2012. “Queremos o fim das metas
abusivas e o combate ao assédio moral para preservar a saúde dos
bancários”, reivindica.
Dia 28 de abril – Outra data que trata sobre acidentes de trabalho é o dia 28 de abril –
Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças de Trabalho. A
celebração surgiu no Canadá, por iniciativa do movimento sindical, como
ato de denúncia e protesto contra as mortes e doenças causados pelo
trabalho, espalhando-se por diversos países. Esse dia foi escolhido em
razão de um acidente que matou 78 trabalhadores em uma mina no estado da
Virgínia, nos Estados Unidos, em 1969.
No Brasil e em vários países do mundo, como Espanha, Portugal,
Argentina, Peru e Taiwan, por exemplo, a data é motivo para
mobilizações, atividades, seminários, denúncias e reflexões em torno dos
problemas que envolvem os acidentes, as doenças e o mundo do trabalho.