CONFERÊNCIA NACIONAL: Geração de empregos nos bancos cai 83% no 1º trimestre

O sistema financeiro nacional gerou 1.144 novos empregos no primeiro
trimestre de 2012, o que representa uma queda de 83,3% em comparação com
o mesmo período do ano passado. Houve fechamento de postos de trabalho
em grandes bancos, principalmente Itaú e Banco do Brasil. A rotatividade
de mão-de-obra continua alta nas instituições financeiras e é utilizada
para conter a expansão da massa salarial. O salário médio dos
trabalhadores contratados foi 38,2% inferior ao dos desligados. E as
mulheres continuam ganhando menos que os homens nas instituições
financeiras.

Esses são os principais resultados da 13ª edição da Pesquisa de Emprego
Bancário realizada trimestralmente pela Confederação Nacional dos
Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e pelo Departamento
Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com
base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do
Ministério do Trabalho e Emprego.

A pesquisa foi divulgada nesta sexta-feira 20 na 14ª Conferência
Nacional dos Bancários, durante entrevista coletiva que contou com a
presença do ministro do Trabalho e Emprego, Brizola Neto.

Entre janeiro e março, os bancos desligaram 10.001 trabalhadores e
contrataram 11.145. No mesmo período do ano passado, o saldo positivo de
empregos nos bancos foi de 6.851 vagas. Essa queda brusca de 83,3% é
quase três vezes maior que a desaceleração do emprego na economia como
um todo, que apresentou 27,5% de redução de crescimento de vagas de
trabalho nos primeiros três meses do ano.

O Caged não identifica a evolução do emprego por empresas, mas como
divide o segmento por setores, é possível saber que a Caixa Econômica
Federal gerou 1.396 postos de trabalho no primeiro trimestre – número
superior ao de todo o sistema. Isso significa que sem a Caixa o saldo de
empregos no setor seria negativo. Pelos balanços dos bancos, os que
mais fecharam postos de trabalho no primeiro trimestre foram o Itaú
(1.964) e o Banco do Brasil (406).

A remuneração média dos admitidos foi de R$ 2.656,92 e a dos desligados
de R$ 4.299,27 no primeiro trimestre – uma diferença de 38,20%. Na
economia brasileira como um todo, a diferença entre a média salarial dos
contratados é 7% inferior à média salarial dos demitidos.

“Isso demonstra claramente mais uma vez a estratégia cruel dos bancos de
utilizar a rotatividade para reduzir a despesa de pessoal”, critica
Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.

“Essa é uma política extremamente prejudicial à categoria, porque além
de rebaixar a média salarial deixa os bancários permanentemente em
tensão por medo de demissões”, acrescenta. “Isso é uma violência, porque
o sistema financeiro não enfrenta nenhuma dificuldade. Pelo contrário,
só os cinco maiores bancos registraram um lucro líquido de R$ 50,7
bilhões no ano passado e de R$ 11,8 bilhões apenas nos primeiros três
meses de 2012.”

A análise do saldo de empregos por faixa de remuneração deixa mais clara
essa política dos bancos. O resultado foi positivo apenas para as
faixas até três salários mínimos, enquanto as faixas salariais acima
desse patamar apresentaram saldos negativos. O maior saldo aconteceu na
faixa de remuneração entre dois a três mínimos, que teve crescimento de
5.184 vagas.



Descompromisso com o desenvolvimento

– O saldo de 1.144 novos postos de trabalho no primeiro trimestre
representa uma expansão de apenas 0,22% no emprego bancário. Além disso,
na comparação com o saldo de 321.241 vagas criadas em todos os setores
da economia no primeiro trimestre, os bancos contribuíram com apenas
0,35% do total.

“O setor de maior lucratividade da economia, exceto Vale e Petrobras,
não pode ter uma contribuição tão pequena para a geração de empregos e o
desenvolvimento do país”, afirma o presidente da Contraf-CUT. “Não
podemos aceitar essa falta de compromisso dos bancos com a sociedade
brasileira.”

Mulheres discriminadas

– A pesquisa Contraf-CUT/Dieese também demonstra com clareza a
discriminação que as mulheres sofrem nos bancos. A média salarial das
bancárias desligadas (R$ 3.545,66) é 29% inferior à dos bancários
(R$4.978,80) que saíram. As mulheres já entram nos bancos ganhando menos
que os homens. O salário médio delas, no ingresso, é de R$ 2.291,98 e o
dos homens de R$ 3.014,91 – uma diferença de 24%.


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