Buscas por desaparecidos da Guerrilha do Araguaia é retomada

O Grupo de Trabalho Araguaia (GTA) reiniciou nesta segunda (9) as
buscas pelos restos mortais de desaparecidos da Guerrilha do Araguaia,
em Xambioá (TO) e em São Geraldo do Araguaia (PA). A expedição segue até
o dia 17 de julho. As atividades serão acompanhadas por uma equipe
técnica pericial, além de parentes dos mortos e desaparecidos da
guerrilha e representantes do Ministério Público Federal (MPF).

Em declaração ao Portal Vermelho,
o representante do PCdoB no GTA, Paulo Fonteles Filho, afirmou que
apesar da demora, a retomada dos trabalhos do grupo é fundamental para a
continuidade do esforço de localização dos heróis do Araguaia que, em
sua imensa maioria, continuam desaparecidos.

A Guerrilha do Araguaia foi um movimento revolucionário que surgiu na
década de 1970 em oposição à ditadura militar. Até hoje, dezenas de
militantes da guerrilha estão desaparecidos. Em 2009, a juíza da 1ª Vara
Federal do Distrito Federal Solange Salgado determinou que o governo
federal reiniciasse as buscas na região.


Segundo ele, as buscas também deverão esclarecer as condições dos
brutais assassinatos dos guerrilheiros comunistas. “Cabe destacar que
nosso interesse também é de coletar em que condições os combatentes
araguaianos foram mortos, os responsáveis, inclusive pelo crime de
ocultação de seus despojos que dura mais de 35 anos. Fato importante de
2012 é a inclusão de pesquisadores de várias universidades brasileiras
que, assumiram para si este importante esforço de recontar a recente e
dura história nacional”.


Em entrevista à

Rádio Vermelho, o secretário de Meio Ambiente do
PCdoB e representante do Partido no GTA criticou o fato de as Forças
Armadas resistirem em promover a abertura dos documentos que indicam a
localização dos corpos dos militantes assassinados. “Esse processo de
transição democrática nas Forças Armadas infelizmente ainda não ocorreu.
Em minha opinião essa é a razão da dificuldade de esclarecer questões
como essa do Araguaia e dos demais desaparecidos no Brasil”.


O secretário Nacional de Justiça do Ministério da Justiça, Paulo Abrão, também em entrevista à

Rádio Vermelho,
afirmou que o grande legado que a juventude do Araguaia deixou é a
perspectiva de lutar para criar um ambiente de repúdio dos crimes de
lesa-humanidade. “A melhor homenagem aos guerrilheiros é reivindicar a
devida apuração dos crimes de lesa-humanidade cometidos contra eles”.


Durante a última expedição na região, que ocorreu entre os dias 10 e 20
de junho, o GTA fez a exumação de dois restos mortais localizados na
divisa dos estados do Tocantins e Pará. Desde a década de 1990, vêm
sendo feitas exumações, tendo sido encontrados 19 restos mortais. Os
restos mortais passam por exames antropométricos e por extração de DNA.
Após a perícia, eles serão armazenados no Hospital Universitário de
Brasília.


No início de 2012, peritos do GTA estiveram nos Estados Unidos para
identificar novas técnicas de extração de DNA de material genético
degradado, aperfeiçoando, assim, os trabalhos da equipe.

GTA


O GTA, reformulado em maio de 2011, é coordenado pelos ministérios da
Defesa, da Justiça e pela Secretaria de Direitos Humanos. As pessoas que
tiverem informações que sobre o local onde teriam sido enterrados os
guerrilheiros devem ligar para o Disque Direitos Humanos (Disque 100).
As ligações são gratuitas e não há necessidade de identificação.


Expediente:
Presidente: Fabiano Moura • Secretária de Comunicação: Sandra Trajano  Jornalista ResponsávelBeatriz Albuquerque • Redação: Beatriz Albuquerque e Brunno Porto • Produção de audiovisual: Kevin Miguel •  Designer Bruno Lombardi