Por conta da crise política que se instalou no Paraguai na última
semana, gerada pela deposição, sem possibilidades de defesa, do presidente
Fernando Lugo, a reunião realizada ontem (27) pelo Conselho de Chefes de Estado
e de Governo da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) teve como principal
decisão a exclusão do Paraguai da próxima cúpula do bloco regional, que
acontecerá amanhã (29), em Mendoza, na Argentina.
A decisão, segundo assegurou o comunicado da Secretaria Executiva do
bloco, divulgado na quarta-feira, confirma o acordado em reunião realizada no
último dia 21, na cidade do Rio de Janeiro, Sudeste do Brasil.
Para decidir pela exclusão do Paraguai também foram levados em
consideração os resultados da missão de chanceleres e representantes dos
Estados membros da Unasul que viram e sentiram de perto a situação política do
país.
Aliado a isso, pesava sobre o Paraguai o Protocolo Adicional ao Tratado
Constitutivo da Unasul sobre “compromisso com a democracia e respeito
irrestrito dos direitos humanos como condições essenciais para o
desenvolvimento dos processos de integração entre os Estados membros”. Tratado
que não aceita a ruptura da ordem institucional nos países do bloco.
O Conselho também decidiu se reunir novamente em uma reunião
extraordinária amanhã (29), em Mendoza, para avaliar a situação política do
Paraguai.
A Cúpula Social do Mercosul, que terminou nesta quinta-feira, em Las Heras,
Mendoza (Argentina) com a presença de cerca de 800 representantes de movimentos
sociais e de oito nações (Argentina, Brasil, Uruguai, Chile, Bolívia,
Venezuela, Equador e uma delegação de paraguaios/as) também teve como foco dos
debate a importância de proteger a democracia na região e a situação política
do Paraguai, com o “golpe de Estado expresso” contra Fernando Lugo.
Todos os representantes políticos das oito nações se posicionaram contra
a destituição de Lugo e pediram sua restituição urgente para o cargo ao qual
foi levado pelo voto popular. Na ocasião, Oscar Laborde, do Conselho Consultivo
da Sociedade Civil da Chancelaria Argentina, exprimiu seu apoio e unidade com
os paraguaios e paraguaias.
“Hoje somos todos paraguaios, estamos unidos para que a democracia
volte; e para que estejam cientes de que levamos anos de lutas, de quedas, e
estaremos juntos nesta luta; não vão nos roubar o sonho”, manifestou.
Simiao Estelita Sa de Oliveira, da Secretaria Geral da Presidência do
Brasil, também prestou solidariedade ao país vizinho e pediu o retorno à
democracia no Paraguai. O representante brasileiro também ressaltou a importância
de espaços como a Cúpula Social para que se possa gerar a participação social e
valorizar a integração entre as nações.
Por sua vez, Graciela Congo, secretária de Educação da Central Única dos
Trabalhadores Autêntica do Paraguai e ex-ministra do Trabalho, falou em nome de
seu povo. “Paraguai é o coração da América, por isso lhes peço que estejam ao
nosso lado e que defendamos a democracia; e que brindem seu apoio contra o
golpe de estado que se cometeu em meu país; quero que me digam um sim se
colocando de pé, apoiando ao Paraguai”, pediu, contando com a solidariedade dos
presentes.